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O que as promessas de Deus nos proporcionam? parte 1/3
As promessas de Deus nos proporcionam segurança (Gn15.1-5)
Quando criança, lembro-me de um dia no parque, observar uma criança brincando com seu pai, com um carrinho de controle remoto. Não sei se havia algum sentimento marcando minha expressão, mas meu pai veio até mim e prometeu que me daria um carrinho de controle remoto movido a gasolina. Uau! Não era um grande desejo meu, mas a partir do momento que ele me prometeu, isso ficou marcado em meu coração. O tempo foi passando e as vezes quando eu me lembrava da promessa, aquilo me entristecia.
A aliança que Deus declara na narrativa de Abraão é desdobrada em dois estágios, conformando-se às promessas anteriores de fazer de Abraão uma nação (12.2) e de fazê-lo uma bênção às nações (12.3). Neste capítulo temos a fase da aliança pertencente à nação, sua semente e terra; a fase seguinte da aliança pertencente às nações será revelada no capítulo 17.1–27.[1]
O capítulo 15 começa com “Depois destes acontecimentos”, se referindo ao que ocorreu no capítulo 14. É o capítulo que narra a guerra de quatro reis contra cinco, Ló é levado cativo e Abrão vai ao resgate dele. Abrão é bem-sucedido, recebe a benção de Melquisedeque e se recusa a receber os despojos do rei de Sodoma.
A partir disso, no cap. 15, vemos Deus reafirmando suas promessas e animando Abrão. Por isso, o tema da nossa mensagem é “O que as promessas de Deus nos proporcionam?”
Por meio do seu conforto (v.1)
Não é a primeira vez que Abrão parece temer as circunstâncias. Podemos observar em Gn 12.10-13 ele temendo por sua vida e parece agora temer sua geração de filhos no verso 2 de Gn 15. Alguns comentaristas sugerem que esse medo poderia ser pelos eventos anteriores, de que as nações dos reis que Abrão derrotou pudessem vir contra ele por vingança, e diante disso, Deus diz que ele não deveria temer.
Porém, possivelmente Abrão se encontrava temeroso pelo cumprimento da promessa e ele tinha alguns motivos para tal: 1) Ele era muito velho; 2) Muitos anos se passaram desde que a promessa foi feita; 3) Não havia registro de casos semelhantes; 4) Sara também duvidou.[2] Portanto, seguiremos essa linha de raciocínio.
Diante desse medo no interior de Abrão, vemos Deus tomando a iniciativa de ir até ele garantir que não devia temer (Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo, e teu galardão será sobremodo grande, v.1). Uma primeira grande lição que podemos tirar aqui é que a resposta de Deus para o medo de Abrão não era uma simples fórmula ou argumentação, mas era uma pessoa, o próprio Deus. “Não temas, eu sou o teu escudo”.
O que era o galardão? Galardão era uma compensação pelo serviço militar fiel, tinha um caráter de privilégio real dado a um oficial. O galardão de Abrão pelo seu serviço fiel é bem maior que o espólio oferecido pelo rei de Sodoma. O tesouro infinito de Abrão é ter o Senhor como seu Deus.[3]
“O próprio Deus é a resposta final a todos os medos do coração humano.” (Ray Pritchard). Chamar Deus de nosso escudo significa que ele nos protege em momentos de dúvida e ele nos resgata em tempos de perigo.[4]
Querido irmão, qual é o motivo da ansiedade que tem afligido o seu coração? Serão os altos custos dos alimentos, a fatura do cartão? Será a baixa produtividade ou o corte no serviço? Um filho ou ente querido doente? Provérbios 12.25 diz “A ansiedade no coração do homem o abate, mas a boa palavra o alegra.” Que boa palavra é receber a garantia que Deus é o nosso escudo e galardão.
Em Mateus 6.25-26 encontramos algo ainda mais detalhado para responder nossas preocupações:
Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes? Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves?
Deus não nos promete livramento das provações ou dos sofrimentos, mas garante que Ele estará conosco, sendo nosso escudo e protetor. Além disso, Deus ainda afirma para Abrão que teria grande galardão. Abrão recusou ser beneficiado pela empreitada do capítulo anterior, e isso não passou despercebido para Deus. Deus mostra que é um grande galardão para Abrão. Mediante a isso, meus irmãos, nos versos 2-3 observamos…
Apesar dos nossos medos (vv.2-3)
Deus teve a palavra inicial. Não foi Abrão que clamou a Deus solicitando calma e segurança, mas Deus que foi até ele demonstrando seu cuidado e proteção. Diante disso, Abrão externa seu medo, aquilo que lhe afligia o coração. Fazia 10 anos desde a promessa sobre sua descendência. Como vimos, havia alguns motivos para esse temor.
Sabemos que não somos isentos de temores, inseguranças ou dúvidas. Mas diante dessas circunstâncias, colocamos tudo em oração ao Senhor? Temos colocado diante dele tudo aquilo que nos aflige? Nós homens especialmente possuímos uma dificuldade de nos expor, de falar o que sentimos ou pensamos. Queremos por vezes ser autossuficientes. Mas devemos nos lembrar que Deus é nosso Pai e somos completamente dependentes dele. Portanto, em meio aos temores, coloque seu coração diante de Deus. Portanto…
Por meio da grandeza de Deus (vv.4-5).
Deus responde às apreensões de Abrão afirmando que ele teria um filho, seria sua semente, não seria seu servo que obteria as promessas. Deus graciosamente responde para Abrão seus planos, sua promessa, e demonstra seu imenso poder. Em Gn 13.16 ele já havia feito uma declaração semelhante, falando de descendência numerosa como o pó da terra.
Um dia desses eu estava trabalhando de casa e minha esposa estava passando roupa, escutando uma palestra do saudoso professor Adauto Lourenço. Ele estava falando sobre a grandeza de Deus, sendo observada através do universo. Ele disse o seguinte: “Pegue um pequeno punhado de areia e conte cada grão. Agora, dê nome a cada grão. Feito isso, tente se lembrar do nome de cada um deles”.
A lição é clara, facilmente nos esqueceremos. Mas o que aprendemos sobre Deus? O Sl 147.4 diz que Deus: “Conta o número das estrelas, chamando-as todas pelo seu nome.” Deus não somente conta cada uma das inumeráveis estrelas do céu, mas chama-as pelo nome. Que resposta Abrão recebe para suas dúvidas e medos. Que Deus temos ao nosso lado! O Deus que nos proporciona segurança em meio às incertezas da vida pela sua magnífica grandeza.
Com isso, temos a garantia de que as promessas de Deus nos proporcionam segurança. Esse Deus imenso e gracioso é o nosso escudo e provedor. Mas as suas promessas além de nos trazer segurança elas também nos proporcionam confiança.
[1] Bruce K. Waltke e Cathi J. Fredericks, Gênesis, ed. Cláudio Antônio Batista Marra, trans. Valter Graciano Martins, 1a edição., Comentários do Antigo Testamento (São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2010), 291.
[2] https://www.preceptaustin.org/genesis-15-commentary. Acesso em 01 de junho de 2024, às 21h40.
[3] Bruce K. Waltke e Cathi J. Fredericks, Gênesis, ed. Cláudio Antônio Batista Marra, trans. Valter Graciano Martins, 1a edição., Comentários do Antigo Testamento (São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2010), 293.
[4] https://www.preceptaustin.org/genesis-15-commentary.Acesso em 01 de junho de 2024, às 22h.