Uma mente submissa a Cristo

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Uma mente submissa a Cristo 

“(…) levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo”. (2 Coríntios 10.5 – ARA)

Lastimavelmente muitos cristãos têm um pensamento muito dicotômico da vida. Ao fazerem uma divisão da vida (secular e sagrada, social e religiosa, profissional e eclesiástica), Muitos vivem sua vida no domingo como cristão, adorando a Deus, vivendo em comunhão com os irmãos e pensando nas coisas de Cristo, mas vivendo o resto da semana (segunda a sexta feira, quando não também aos sábados) como não cristãos.

No texto supracitado, Paulo mostra que o cristão deve levar cativo (preso) todo pensamento à obediência de Cristo. Isso quer dizer que nós devemos viver neste mundo com uma cosmovisão cristã. Devemos diariamente indagar se os ensinos que recebemos na escola, em casa ou na igreja refletem a verdade cristã, bem como também verificar se o nosso procedimento, quer em casa, no trabalho ou na sociedade está de acordo com a Palavra de Deus. Do contrário, seremos incoerentes ao declarar que a Bíblia é a nossa regra de fé e prática quando vivemos uma vida que não reflete isso nos dias da semana, sejam em pensamentos, palavras ou atitudes.

Vida cristã não se limita aos momentos devocionais que fazemos; ela envolve toda nossa vida. Vida cristã significa ter Cristo não apenas como o salvador da nossa vida, mas Senhor dela também. Esse é o pensamento de Paulo no texto da nossa devocional, que na verdade começa no verso 1 e vai até o verso 6. Paulo mostra que sempre estamos diante de um conflito evidente de senhorio: quem é o Senhor da nossa mente e da nossa vida? Paulo diz que em meio a essa batalha ele se vale de todo recurso à sua disposição, as quais têm seu fundamento na Palavra de Deus (Ef 6.17), para submeter todo pensamento ao senhorio de Cristo. Paulo entende que devemos ter Cristo como a autoridade mais sublime sobre a razão humana, uma vez que ele é Senhor não apenas do nosso coração, mas também de nossa mente (Mc 12.30).

Quando o cristão não submete sua mente a Cristo, ele permite que novas ideias e valores tornem-se controlados por qualquer coisa ou pessoa que não a Palavra de Deus. Isso significa adotar uma ideologia em vez de uma teologia. E toda ideologia tem o potencial de se tornar uma idolatria (cf. David T. Koykis, Visões e Ilusões Políticas: uma análise e crítica cristã das ideologias contemporâneas, p.15-49).  Precisamos entender que “normalmente, não são os argumentos específicos contra o Cristianismo que perturbam a fé de uma pessoa, mas toda a atmosfera do pensamento contemporâneo” (Gene Edward Veith Jr., De todo teu entendimento: pensando como cristão num mundo pós-moderno p.49).

A famosa história de Martinho Lutero (1483-1546) é uma bela ilustração de uma mente submissa a Cristo. Quando convocado pelo rei Carlos V (1500-1558), no dia 18 de abril de 1521 na dieta de Worms, para se retratar dos seus ensinos acerca do Evangelho, da natureza da Igreja e do estado atual da cristandade, ele firmemente declarou: “A menos que eu seja convencido pelo testemunho das Escrituras ou pela razão clara […], estou preso às Escrituras que citei e a minha consciência é cativa da Palavra de Deus. Não posso e não irei retratar-me de nada, pois não é seguro e nem certo ir contra a consciência. Não posso agir de outra forma: esta é a minha posição, que Deus me ajude. Amém” (Luther’s Works, vol. 32, p.112-113).

Irmãos, por que não imitemos a Martinho Lutero, tendo uma mente cativa a Palavra de Deus, uma mente submissa a Cristo? Que sejamos também firmes como Lutero, que em meio as circunstâncias não favoráveis possamos ter uma mente cativa ao senhorio de Cristo.