Você foi chamado para ser relevante

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Você foi chamado para ser relevante

Ouvi dizer em uma certa entrevista na internet que a igreja não foi chamada para ser relevante. Ou seja, a igreja não foi chamada para ser “famosa”.

Em certo sentido podemos concordar com esta afirmação. Pois de fato, a igreja não foi chamada para ser relevante. Mas devemos entender que a igreja não foi chamada para ter uma relevância segundo os parâmetros deste mundo.

A Igreja do Senhor Jesus definitivamente não foi chamada para ser astro ou estrela deste mundo. Não fomos chamados simplesmente para levar adiante um projeto de poder de um ministério, denominação, pastor, banda ou instituição.

E infelizmente é o que temos visto nesses últimos dias. Ministérios, igrejas e denominações preocupadas em fazer o seu nome conhecido entre os homens. Isso não é o que significa ser uma igreja relevante. Ser relevante, portanto, não significa necessariamente ser famoso ou conhecido.

O que é relevância segundo as Escrituras? A relevância à qual somos chamados segundo as Escrituras é fazer o nome de Cristo conhecido onde quer que estejamos. Fomos chamados, justificados e santificados por Deus para fazer o nome de Cristo conhecido entre os homens. Somos chamados para ser sal e luz no mundo levando conosco o nome do Filho Unigênito do Pai.

João Batista em um dos seus testemunhos sobre Cristo foi humilde e verdadeiro o suficiente para dizer:

Vós mesmos sois testemunhas de que vos disse: eu não sou o Cristo, mas fui enviado como seu precursor. O que tem a noiva é o noivo; o amigo do noivo que está presente e o ouve muito se regozija por causa da voz do noivo. Pois esta alegria já se cumpriu em mim. Convém que ele cresça e que eu diminua. (João 3:28-30 – ARA)

O profeta João Batista entendia que apesar do sucesso do seu ministério o nome que deveria aparecer acima de tudo é o nome de Cristo. Ele entendeu que o Senhor da Igreja é Cristo.

Os reformadores bem como os demais teólogos e os crentes que os sucederam entenderam esse chamado como um mandato cultural. Pois como não há nada “na criação que não esteja sendo reconciliado pela morte e ressurreição de Jesus Cristo, sejam tronos ou soberanias, principados ou potestades, epistemologias ou ontologias”1 devem ser usados por Deus em qualquer área de nossas vidas.

Neste sentido, o senhorio de Cristo se estende por toda a vida cristã bem como “seu senhorio se estende a todas as esferas da realidade criada”2. Cristo é o Senhor de toda a nossa vida e o Senhor de toda a Igreja.

E por isso, o cristianismo não é uma visão limitada de mundo que se resume em ir à igreja aos domingos – o que é bom e prazeroso de se fazer, estar na presença de Deus em comunhão com os irmãos – antes “o cristianismo é uma cosmovisão abrangente de toda a realidade, a ênfase dessa tradição está na soberania absoluta de Cristo sobre toda a vida, baseada na afirmação de uma harmonia completa entre o Deus criador e o Deus redentor”3.

Nessa direção “[…] a base e a compreensão do mandato cultural estão no resgate do relato da criação em Gênesis. O ser humano é criado à imagem e semelhança de Deus e recebe a ordem para desenvolver a cultura”4.

Portanto, o meu desejo e a minha oração é que como crentes e servos do Senhor Jesus que sejamos relevantes onde quer que estejamos. Seja relevante na sua casa, seja relevante para a sua esposa, marido e filhos, seja relevante para os seus pais e familiares, seja relevante para a sua rua, seja relevante na sua igreja, seja relevante na escola ou faculdade, seja relevante no trabalho, seja relevante na internet, seja relevante onde quer que seja que o Senhor te coloque.

Que o Senhor abençoe a sua igreja. Amém!


Referências:

1 – REICHOW, Josué Klumb. Reformai a vossa mente: a filosofia cristã de Herman Dooyeweerd/Josué Klumb Reichow – Brasília, DF: Editora Monergismo, 2019, p.18.
2 – Ibidem, p. 107.
3 – Ibidem, pp.132,133.
4 – Ibidem, p.133.