
Hino Saudação, nº 179 no Hinário Novo Cântico. Música de João Diener (1889-1963) – moscovita que foi criado no Brasil − com arranjo e adaptação do missionário e compositor batista norte-americano, que viveu muitos anos no Brasil (1980-2003), Ralph Eugene Manuel (1975).
As Escrituras declaram que somos filhos de Deus. Ele nos predestinou na eternidade tendo esta meta em vista: tornar-nos seus filhos. Quando Paulo se refere a Deus como pai (Ef 1.2), destaca uma relação especial conosco.
Ainda que os conceitos complementares de nossa filiação divina e da paternidade divina estejam expressos em toda a Escritura, o ensino de que somos filhos adotivos de Deus é característico do Novo Testamento. A palavra adoção é usada exclusivamente por Paulo para descrever o ato de Deus e os seus efeitos.
Pedro e João falam do mesmo assunto usando a palavra regeneração. A regeneração trata de como nascemos sobrenaturalmente. A adoção do modo como Deus nos recebe em sua família, a família de Deus; a família da fé, nos concedendo todos os privilégios da condição de filhos.
Paulo diz que o propósito eterno de Deus é nos tornar seus filhos. Deus não apenas nos redime e restaura à sua comunhão, o que por si só é extraordinário, mas ele nos quer como filhos. O seu amor eterno e paternal se materializa na concretização de uma nova relação na qual ele se declara nosso pai e nós, como que aprendendo a falar, possamos, pelo Espírito dizer, “Abba Pai”: “[…] nos predestinou para ele, para a adoção de filhos” (Ef1.5).
O Deus que nos regenera, nos concedendo um novo coração, nos implanta no Corpo de Cristo mediante a fé. Esse enxerto em Cristo nos qualifica genuinamente com filhos de Deus.
Na adoção vemos uma expressão da bondade de Deus por meio da qual ele nos perdoa e adota, introduzindo-nos na família da fé.
Enquanto pela justificação somos declarados justos perante Deus, visto que Cristo, o Justo, levou sobre si os nossos pecados e nos vestiu com as vestes da justiça de Cristo, não nossa (Is 61.10; Ap 21.2), a adoção consiste na declaração legal de que agora, um inimigo de Deus foi reconciliado com ele, nascendo de novo e, portanto, foi adotado como seu filho, ingressando na família de Deus, se relacionando pessoalmente com o seu Pai, passando, desse modo, a ter todos os privilégios e responsabilidades como tal. Em ambos os casos, ocupamos uma nova posição: de justificados e de filhos. Já não há condenação (justificação) para os filhos de Deus (adoção).
A regeneração e a justificação se constituem no fundamento de nossa adoção. Tornamo-nos filhos porque Deus pelo Espírito nos gerou para ele. Por meio de Cristo fomos declarados justos: não há mais condenação para nós (Rm 8.1).
Deus imputou a justiça perfeita de Cristo sobre nós, pecadores e condenados. Ao mesmo tempo, creditou a Cristo nossos pecados, a dívida que jamais poderíamos quitar. Fomos declarados justos. Em Cristo temos a graça que pela sua justiça nos concede a justiça da fé. Esse amor foge a qualquer adjetivação nossa. É por demais sublime e inalcançável pelas nossas mentes limitadas. Portanto, na adoção temos concretizado o amor, a graça e a misericórdia de Deus.
Aqui encontramos uma das maiores expressões de nossa eleição. Deus nos torna seus filhos por meio de seu único e eterno Filho, Jesus Cristo.
Deus na eternidade já nos olhava como filhos aos quais, no tempo determinado por ele mesmo, por intermédio de seu Filho, Jesus Cristo, nos adotaria, integrando-nos à família de Deus; à família dos eleitos de Deus pela graça.
Portanto, quando falamos de nossa filiação, devemos ter em mente que ela é um dom de Deus.
O Catecismo de Heidelberg (1563), à pergunta 33 – “Por que é ele chamado Filho unigênito de Deus, se nós também somos filhos de Deus?” – responde: “Porque só Cristo é o Filho eterno de Deus, ao passo que nós, por sua causa, e pela graça, somos recebidos como filhos de Deus”.
Como Igreja, vivamos em obediência, com gratidão e louvor a maravilha desse privilégio.
O Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa, pastor-auxiliar da 1ª IP São Bernardo do Campo, SP, é coordenador acadêmico e ensina teologia no JMC, membro do CECEP e do Conselho Editorial do Brasil Presbiteriano
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