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A importância de reconhecer os limites no pastorado


O experimentado pastor aborda como a pressão e as demandas do ministério podem levar ao esgotamento dos pastores, destacando a necessidade de reconhecer limites e compartilhar a carga ministerial. O artigo utiliza o conselho de Jetro a Moisés (Êx 18.14-23) como base bíblica para enfatizar a importância da delegação de tarefas e da liderança colegiada, sugerindo que ignorar esses princípios pode comprometer a saúde física, emocional e espiritual dos líderes.

Valdeci Santos

Muitos pastores vivem sobrecarregados pela pressão de atender a todas as demandas do ministério. Essa pressão pode levar ao esgotamento e, em alguns casos, até à desistência do ministério. A tentativa em atender todas as expectativas pode resultar em frustração e desgaste, seja ele espiritual, emocional ou físico. Porém, muitos pastores se afadigam por não respeitar limites impostos por Deus.

No geral, a dinâmica do ministério pastoral no Brasil segue um padrão muito consistente. Primeiro, a fidelidade leva ao sucesso, ou seja, a admiração e reconhecimento de outros. Depois, sucesso resulta em influência, pois pastores bem-sucedidos atraem mais ovelhas e responsabilidades. Também, influência leva à pressão, ou seja, mais demandas e cobranças. A seguir, pressão leva à tentação, o risco da exaustão ou da centralização do poder. Finalmente, tentação pode resultar em fracasso, especialmente se não respondemos corretamente à pressão.

Muitos líderes, quando atingem o limite, acabam respondendo com isolamento, orgulho, falta de transparência e abuso de poder. Por isso, devemos buscar apoio e evitar que a carga ministerial se torne insustentável. Pedir ajuda não é fraqueza, mas sinal de sabedoria. Deus nos criou para vivermos em comunidade e compartilharmos os fardos e isso aprendemos com a própria Escritura.

Em Êxodo 18.14-23, encontramos o conselho de Jetro a Moisés, o qual nos ensina princípios essenciais para uma liderança sustentável. Apesar de chamado e capacitado por Deus, Moisés estava sobrecarregado com a responsabilidade de julgar e liderar sozinho todo o povo de Israel. Jetro percebeu que aquele modelo não era viável e ofereceu conselhos práticos para aliviar a carga de seu genro. Jetro disse: “Não é bom o que fazes” (v 18). Seu conselho foi: “Procura dentre o povo homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza; põe-nos sobre eles por chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinquenta e chefes de dez; para que julguem este povo em todo tempo. Toda causa grave trarão a ti, mas toda causa pequena eles mesmos julgarão; será assim mais fácil para ti, e eles levarão a carga contigo” (v. 21-22).

A sugestão de Jetro destacou quatro limitações fundamentais a serem consideradas por todo líder. O pastor, deveria também levar a sério aquele conselho resumido abaixo.

  1. Não temos tempo suficiente para fazer tudo – Moisés estava “desde a manhã até ao pôr-do-sol” (v 13). O ministério pode ser consumidor de nosso tempo.
  2. Não temos sabedoria suficiente para decidir tudo – Moisés argumentou que o povo precisava de ajuda, pois “quando tem alguma questão, vem a mim” (v 16). Mas seria impossível decidir tudo.
  3. Não temos força suficiente para sustentar tudo – Jetro retrucou: “Sem dúvida, desfalecerás” (v 18). Nossas forças são limitadas.
  4. Não temos energia suficiente para suportar tudo – Finalmente, Jetro arrematou: “isto é pesado demais para ti” (v 18). Nenhum servo do Senhor é onipotente, pois Deus não nos comunicou esse atributo.

O conselho de Jetro tem sido comumente interpretado como uma orientação contra a centralização da liderança, ou em prol da delegação de tarefas. Todavia, é importante perceber que o princípio fundamental daquele conselho é que todos temos limites. Ignorar esses limites pode comprometer nosso ministério, família, saúde mental e física e, finalmente, nosso tempo de ministério. Deus nos chama a desenvolver a uma liderança colegiada, na qual devemos capacitar outros para compartilhar a carga. O modelo de liderança de Moisés foi ajustado com a divisão de responsabilidades entre líderes menores, permitindo que ele se concentrasse em questões mais importantes. O interessante é que aquele modelo faz parte do cerne do sistema presbiteriano de governo.

A Série Pastoreio continua na próxima edição do Brasil Presbiteriano

O Rev. Valdeci da Silva Santos é pastor da IP de Campo Belo, SP, Diretor do Andrew Jumper, professor de Aconselhamento e colaborador do Brasil Presbiteriano

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Autor

  • Cativo à Palavra

    Projeto Missionário Teológico e Pastoral. Para um coração cativo e dedicado ao Senhor.

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