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O que seu pastor gostaria que você soubesse sobre ele e sua família?

Poucas pessoas conhecem as alegrias e os fardos que acompanham a vida pastoral. A maioria dos membros da igreja enxerga o pastor no púlpito aos domingos, mas não imagina os bastidores dessa vocação. O ministério pastoral é uma das maiores bênçãos e um dos maiores desafios que um cristão pode experimentar.

O pastor não é apenas um pregador da Palavra. Ele é esposo, pai, conselheiro, administrador, intercessor e, acima de tudo, discípulo de Cristo em sua jornada espiritual. Uma comunidade que apoia, ora e caminha ao lado de seu pastor contribui diretamente para a saúde e vitalidade do corpo de Cristo.

Este artigo busca lançar luz sobre aspectos da vida pastoral que permanecem invisíveis aos crentes. Ele mostra o que um pastor gostaria que os membros de sua igreja soubessem sobre sua humanidade, sobre as pressões enfrentadas por sua família, sobre o peso das demandas ministeriais e, acima de tudo, sobre a maior necessidade que ele tem: o apoio fiel e contínuo da oração da igreja.

1. O pastor é um ser humano, não um super-herói

Um dos maiores equívocos que uma igreja pode cometer é considerar seu pastor como alguém “superior” ou “infalível”. A ordenação não transforma um homem em um santo impecável; apenas confirma publicamente a sua vocação. Pastores lutam com pecados, dúvidas e inseguranças, assim como todos os crentes. Eles também enfrentam noites sem dormir por preocupações familiares ou financeiras m tentações diárias.

Moisés duvidou de sua capacidade (Êx 4.10), Elias experimentou desânimo (1Re 19.4) e Pedro precisou ser admoestado (Gl 2). E o pastor não deseja ser visto como um herói da fé inatingível, mas como alguém que aponta para Cristo, o único Pastor perfeito.

2. A família pastoral também sofre pressões

Poucos reconhecem que o ministério pastoral, na prática, é exercido não apenas pelo pastor, mas também por sua família. A esposa é cobrada como se fosse uma “pastora associada”, sem salário ou preparo para isso. Os filhos carregam o peso de serem “observados” e “julgados” pela comunidade. Aniversários ou férias são interrompidos por emergências ministeriais.

Quando Paulo escreveu a Timóteo sobre os requisitos pastorais, ele ressaltou que o cuidado com a família é condição para o cuidado com a igreja (1Tm 3.4-5). O pastor gostaria que a igreja compreendesse que apoiar sua família é expressão de amor cristão.

3. A conexão íntima entre vocação e vida pessoal

As pressões ministeriais contribuem para que o pastor caia na armadilha de ler a Bíblia apenas para preparar sermão e deixar que a oração pessoal seja engolida pela intercessão por outros. Isso gera um desgaste espiritual silencioso, pois o pastor pode servir e se doar tanto que acaba se esquecendo de se nutrir.

Um pastor que não se assenta aos pés de Cristo perde a “boa parte” (Lc 10.38-42) e corre o risco de se tornar um servo sem forças e condições para ministrar a outros. Quando isso acontece ele passa a funcionar com o “tanque vazio”.

4. O peso das demandas ministeriais

O pastor contemporâneo é um “generalista”: pregador, administrador, conselheiro e mediador de conflitos. Para algumas dessas demandas, ele nem recebeu treinamento adequado. Além disso, ele vive sob a expectativa de estar sempre disponível, a qualquer hora do dia ou da noite.

Paulo descreve o cuidado pastoral como uma “luta” (Cl 2.1), um trabalho árduo. Porém, para esse trabalho se tornar saudável, entre outras condições, a igreja deverá entender que seu pastor não é onipresente nem onisciente, e líderes e membros compartilharão responsabilidades.

5. A realidade financeira e o cansaço

Contrariando o imaginário de alguns, a maioria dos pastores recebe salários modestos, abaixo da média dos salários dos membros de sua igreja. Isso pode gerar dificuldades em sustentar a família com dignidade. Paulo orienta que aqueles que presidem bem sejam considerados dignos de “pagamento em dobro […], especialmente os que se afadigam na pregação da palavra e no ensino” (1Tm 5.17-18). Assim, o apóstolo deixa claro que a provisão financeira para o pastor não é caridade, mas parte da própria missão da igreja.

Além disso, o cansaço é um inimigo contínuo. Dias de folga são interrompidos, férias não são respeitadas, e emergências surgem com frequência. A igreja precisa reconhecer essa exaustão e encorajar períodos reais de descanso.

6. O que o pastor mais precisa da igreja

Entre tantas necessidades — financeiras, emocionais e relacionais — o pastor precisa da intercessão de sua igreja, bem como ações de amor e generosidade. Ele sabe que sua luta principal não é contra carne e sangue, mas contra forças espirituais do mal (Ef 6.12). E ele também precisa que sua igreja entenda que críticas destrutivas fragilizam, mas palavras de afirmação sustentam. Isso significa participar, servir, discipular uns aos outros e aliviar o fardo ministerial.

O pastor precisa de encorajamento. O sábio de Provérbios lembra: “A ansiedade no coração do homem o abate, mas a boa palavra o alegra” (Pv 12.25).

O que um pastor gostaria que sua igreja soubesse? É simples: ele e sua família são humanos, frágeis e limitados. Contudo, a despeito dessa fragilidade, a graça de Deus se manifesta e o capacita para ministrar ao rebanho do Senhor. Seu trabalho não precisa ser uma atividade solitária, mas pode contar com a ação solidária de toda a igreja local.

O Rev. Valdeci Santos é pastor da IP de Campo Belo, SP, Diretor do Andrew Jumper e colaborador do Brasil Presbiteriano

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  • Cativo à Palavra

    Projeto Missionário Teológico e Pastoral. Para um coração cativo e dedicado ao Senhor.

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