1.3. O Deus Perdoador (Continuação)
O painel da culpa ou o indicativo de uma necessidade?
Imagine que você está dirigindo por uma estrada e, de repente, a luz indicativa do óleo no painel começa a piscar.[1] Como você reagiria diante desse incômodo inesperado e preocupante? Pararia o carro, consciente da possibilidade de um problema sério, talvez até acionando o seguro? Ou, em um gesto de negação, procuraria o fusível responsável por aquela luz incômoda e o retiraria, apenas para que ela não mais se acendesse?
A segunda opção, embora absurda, ilustra bem a maneira como muitos lidam com o sentimento de culpa. Em vez de tratar a causa − o pecado −, preferem silenciar os sinais, anestesiar a consciência, e seguir adiante como se nada estivesse errado. Mas ignorar o alerta não elimina o problema; apenas mascara o sintoma e posterga suas consequências.
Assim como a luz do painel não é o problema em si, mas o sintoma de algo mais profundo, a culpa também não é a doença − é o sinal de que algo precisa ser tratado. E o tratamento não está em desligar o alarme, mas em abrir o capô da alma e permitir que o Evangelho opere sua cura.
Psicologia e Pregação
A culpa é um conceito jurídico e objetivo, decorrente da violação de uma norma ou ordem estabelecida. [2] Quem transgride a lei é, por definição, culpado. Não há culpa genuína sem um padrão moral e sua consequente transgressão. As Escrituras nos ensinam que todos nós, como seres responsáveis, tornamo-nos culpados por infringir a perfeita lei de Deus (Jo 8.34; Rm 5.12; 6.23; Ef 2.1).[3]
Ao longo da história, uma tentativa recorrente da humanidade tem sido justamente abolir esse padrão absoluto e transcendente, substituindo-o − quando muito − por referências mais flexíveis, moldáveis às variações de tempo, cultura e contexto.
As psicologias − que, em si mesmas, não são intrinsecamente más − têm invadido nossos púlpitos. Isso, sim, é um mal em si, especialmente quando ocorre pela ausência de pessoas devidamente capacitadas para expor as Escrituras com conhecimento, autoridade e integridade. Essa infiltração tem gerado uma mistura entre psicologia e teologia, a ponto de conceitos alheios à Palavra serem difundidos com naturalidade, muitas vezes sem que sequer nos demos conta. É comum vermos ideias de autoajuda[4] sendo confundidas com ensinamentos bíblicos. [5]
Um dos conceitos mais propagados nessa psicologização popular − e, ao mesmo tempo, nociva − é o de que devemos eliminar o sentimento de culpa. A igreja, nesse contexto, torna-se um espaço para “sentir-se bem”.
Outro ensinamento correlato é a exaltação da autoestima. Assim, qualquer doutrina que ameace, ainda que minimamente, o superlativo autoconceito do indivíduo é prontamente rejeitada como não edificante, alienante ou destrutiva. Afinal, em solilóquio, o adepto dessa mentalidade se queixa: “Participo do culto para sair mais leve e solto, não para carregar tristeza ou pesar.”
Sem dúvida, oferecer recursos que aliviem o sentimento de culpa parece sempre bem-vindo, especialmente porque tal sentimento é um catalisador da ansiedade humana (Pv 28.1).[6] No entanto, é preciso discernir entre alívio legítimo e fuga da verdade − pois somente a verdade liberta.
Orgulho disfarçado e a confusão entre culpa e sentimento de culpa
Calvino denominou como orgulho essa atitude tão comum entre nós:
Desejosos de manter nossa autoestima, levamos muito a sério quando somos desprezados. Essa doença da natureza humana é tão generalizada que cada pessoa deseja que seus vícios agradem a outros. Se alguém nos desaprova por alguma coisa que fazemos ou dizemos, nos sentimos imediatamente ofendidos sem qualquer razão plausível. Que cada um de nós examine a si mesmo, e encontrará essa semente do orgulho em sua mente, até que a mesma seja erradicada pelo Espírito de Deus.[7]
Em síntese, vivemos sob a lógica de mimar a criança interior − o “Peter Pan” que se recusa a amadurecer, preferindo cultivar uma alegria descompromissada.[8] Como se a simples sensação de não termos culpa, ou a promoção de um elevado conceito de nós mesmos, pudesse alterar a realidade do que de fato somos.
Uma compreensão realista da natureza humana − profundamente marcada pelo pecado original e pela contínua inclinação ao mal − é essencial para interpretar com lucidez as falhas que permeiam todos os sistemas humanos.
As Escrituras são claras ao afirmar que “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3.23), e que o ser humano, em sua condição caída, está espiritualmente morto e moralmente incapaz de alcançar a justiça por si mesmo (Ef 2.1-3). Essa visão não é um convite ao cinismo, mas à sobriedade: só quando reconhecemos a profundidade da nossa culpa e fragilidade é que podemos buscar soluções que levem em conta a necessidade de redenção, transformação e graça.
O realismo bíblico sobre a natureza humana não apenas explica o mundo como ele é, mas também aponta para a única esperança possível: a restauração por meio de Cristo. Sem esse fundamento, qualquer projeto humano − por mais bem-intencionado que seja − estará fadado a tropeçar na ilusão de uma bondade autônoma que simplesmente não existe.
Culpa e sentimento de culpa
A culpa é objetiva: resulta da transgressão de uma norma moral ou divina. Já o sentimento de culpa é subjetivo, e é justamente nessa subjetividade que reside uma nuance de grande importância. Todos somos culpados diante de Deus, mas nem todos experimentam o sentimento de culpa. A ausência desse sentimento não nos inocenta.[9]
Por outro lado, nem todo sentimento de culpa decorre de uma culpa real. Ele pode surgir de uma interpretação equivocada, associada a usos e costumes aprendidos, que não são, em si mesmos, atos pecaminosos − mas foram assim ensinados.[10] Quando alguém transgride um princípio da sua educação, pode sentir-se culpado por um constrangimento social, como apontou Freud (1856-1939).[11]
Nesse caso, o princípio que deve ser aplicado é o exame bíblico: aquilo que aprendemos como sendo pecado é, de fato, pecado segundo as Escrituras? Como bem observa Sproul (1939-2017), há também a questão da fé e da consciência. Quando agimos sem fé, pecamos − pois violamos a consciência que nos foi dada por Deus.[12]
Sproul é bastante contundente:
A presença de sentimentos de culpa não indica automaticamente a presença de culpa objetiva com respeito a uma ação específica, mas pode representar a presença da culpa de agir contra a própria consciência. A conclusão é que, toda vez que experimentamos sentimentos de culpa, precisamos parar e perguntar a nós mesmos tão honestamente quanto possível: “Eu transgredi a lei de Deus?”.[13]
Culpa, pecado e a cura em Cristo
A culpa psicológica pode persistir quando alimentada por uma falsa ideia de pecado ou por uma compreensão distorcida da obra expiatória de Cristo e do perdão pleno oferecido por Deus. Tal culpa, embora intensa, deve ser confrontada e vencida à luz das Escrituras (1Jo 1.9; 3.5; Jo 1.29[14]),[15] que revelam a suficiência da graça e a eficácia do sacrifício de Cristo.
Por outro lado, a autoestima é impotente diante do autêntico sentimento de culpa que brota de um pecado real. Ela carece de fundamentos sólidos para sustentar-se frente à verdade inegável de quem somos por natureza. Somente a dinâmica da Lei e do Evangelho possui autoridade para expor nossa condição diante de Deus e, ao mesmo tempo, anunciar quem podemos nos tornar em Cristo − perdoados, restaurados e reconciliados.
Buber (1878-1965) oferece um insight profundo:
Se Deus faz essa pergunta [“Onde você está?”], Ele não quer saber algo que ainda não saiba sobre a pessoa; Ele quer provocar alguma coisa nessa pessoa, algo que só pode ser provocado dessa maneira – com a condição de que a pergunta atinja o coração da pessoa, de que a pessoa se permita ser atingida no coração.
Adão se esconde para não ter de dar satisfações, para escapar da responsabilidade em relação à própria vida. Dessa maneira, todos os homens se escondem, pois todos são Adão e estão na situação de Adão. Para escapar da responsabilidade por sua vida, a existência é transformada num sistema de esconderijos.[16]
Sentimento de culpa como bênção
Importa afirmar que o verdadeiro problema humano não é a culpa, mas o pecado. Tendemos a criticar as consequências de nossos atos, ignorando que elas são fruto de nossas escolhas. Além disso, o sentimento de culpa nem sempre é resultado direto do pecado, mas pode ser expressão da graça restauradora de Deus, que nos conduz ao arrependimento. A tristeza segundo Deus produz arrependimento (2Co 7.10).
A culpa é, portanto, uma das consequências do pecado. Como escreve Sproul (1939–2017): “Quando Adão e Eva cometeram sua primeira transgressão, a vergonha e a culpa foram sentidas pela primeira vez na história humana.”[17]
Essa afirmação encontra respaldo nas palavras de Paulo: “Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável (*u(po/dikoj)[18] perante Deus” (Rm 3.19).
O pecado não é uma invenção cristã, mas a realidade do ser humano após a Queda, quando nossos primeiros pais desobedeceram a Deus, resultando em vergonha e culpa.
Culpa e autoestima
MacArthur (1939-2025) é preciso ao afirmar:
Culpa não conduz à dignidade e nem à autoestima. A sociedade encoraja o pecado, mas não tolera a culpa produzida por ele.[19]
A verdadeira culpa tem somente uma causa: o pecado. Até que o pecado seja tratado, a consciência lutará para acusar. E o pecado – e não a baixa estima – é o que o Evangelho veio derrotar.[20]
As pessoas querem pecar, mas sem culpa….[21]
O Cristianismo não é uma religião mórbida ou patológica, centrada no pecado. Embora não seja triste nem melancólico, ele trata com seriedade a realidade do pecado, revelando-o com clareza para que, ao buscarmos o perdão, possamos nos alegrar no Senhor da Glória, rico em misericórdia[22] (Sl 16.11; Gl 5.22; Fp 3.1; 4.4; 1Ts 5.16).[23] A alegria do Espírito é fruto de um coração guiado por Ele.
O Cristianismo lida essencialmente com enfermos espirituais, oferecendo, com sinceridade e compaixão, um diagnóstico terminal para aqueles que permanecem afastados de Deus. Ao mesmo tempo, apresenta a cura definitiva na expiação realizada por Cristo Jesus.
Essa cura tem sido amplamente demonstrada ao longo da história. Ela se evidencia na vida da igreja, composta por pecadores que, embora enfermos em seus delitos, foram curados e restaurados em Cristo, caminhando pela graça em direção a Deus.
Sem consciência de pecado, não há compreensão do perdão e de sua necessidade
Não se pode falar de perdão sem considerar o pecado. Aliás, sem consciência do pecado, não se pode sequer compreender o que é o perdão bíblico.
Mohler Jr. expressa isso com clareza:
Onde o pecado não é encarado como pecado, a graça não pode ser graça. Que necessidade de expiação poderiam ter homens e mulheres quando lhes é dito que o seu problema mais profundo é algo menos do que aquilo que a Bíblia ensina explicitamente? O ensino fraco sobre o pecado leva à graça barata e não conduz ao evangelho.[24]
Jesus Cristo veio salvar os enfermos, não os supostamente sãos: “31 Respondeu-lhes Jesus: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. 32 Não vim chamar justos, e sim pecadores, ao arrependimento” (Lc 5.31-32).
Estado terminal: A ilusão da suposta saúde espiritual
Considerar-nos sãos quando, na realidade, estamos em estado terminal é uma ilusão profundamente nociva. O Cristianismo não é causador da enfermidade humana, tampouco promove o desprezo pelo corpo ou alimenta rancor contra os enfermos, como acusava Nietzsche (1844-1900).[25] Ao contrário, ele diagnostica com precisão a condição humana e apresenta o único remédio eficaz.
Stott é preciso ao afirmar: “Uma consciência culpada será uma grande bênção somente se nos forçar a voltar para casa”.[26]
Nesse sentido, o sentimento de culpa pode ser uma das bênçãos de Deus, impedindo-nos de nos entregarmos completamente ao pecado e às suas amarras persistentes. Como bem observa MacArthur: “A culpa que sentimos como pecadores é legítima, natural e até mesmo apropriada”.[27]
A culpa mal interpretada: o peso de Atlas
Mas e quando o sentimento de culpa resulta de uma interpretação equivocada dos fatos e de nossa responsabilidade?
Sem dúvida, trata-se de uma experiência profundamente angustiante e devastadora. Sentimo-nos culpados por algo que, na realidade, não cometemos − e, portanto, não nos torna verdadeiramente culpados. Essa culpa ilusória nos paralisa, impondo um fardo desproporcional sobre nossos ombros. À semelhança de Atlas, imaginamos estar condenados a sustentar os céus, esmagados sob o peso de uma responsabilidade que não nos pertence, sufocando-nos em nossa caminhada de obediência e louvor a Deus.
Para esse tipo de sentimento de culpa − fruto de uma leitura distorcida da realidade − devemos clamar ao Senhor por libertação. Que Ele nos conceda discernimento para enxergar com clareza, à luz da obra redentora de Cristo, que nos perdoa de todos os pecados, inclusive daqueles que julgamos erroneamente como nossos, por uma avaliação equivocada de nossas capacidades e responsabilidades.
A solução não está em técnicas, mas na graça
Esse sentimento pode, paradoxalmente, tornar-se um caminho para a graça, conduzindo-nos à compreensão de que a solução para o nosso problema não reside em autoexames, meditações ou técnicas respiratórias, mas no arrependimento sincero e na confissão humilde diante de Deus.
Para tratar qualquer problema, é essencial defini-lo corretamente. Definir é delimitar. Uma definição apropriada nos permite enxergar o objeto como ele realmente é.[28] Nesse sentido, a conceituação de Espinosa (1632–1677) é iluminadora: “A verdadeira definição de cada coisa não envolve nem exprime senão a natureza da coisa definida”.[29]
Deus nos revela com clareza quem somos
Deus, por meio de sua Palavra, nos revela com objetividade quem somos. Ele leva a sério tanto a nossa existência quanto o problema do pecado, da culpa e da condenação. Deus não é indiferente ao nosso sofrimento − mesmo quando este é consequência direta de nossa desobediência
Poythress está correto ao afirmar que o “problema fundamental é o problema do pecado e da culpa. (…) Somente quando começamos a ver a magnitude do problema é que desistimos de seguir nossos próprios caminhos, fazer nossas próprias regras e seguir nossos próprios desejos”.[30]
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Culpa é sintoma: tratemos da causa
A culpa, portanto, é um sintoma. E como todo sintoma, ela aponta para uma causa mais profunda: o pecado. Tratar apenas o sintoma é negligenciar a raiz do problema. O Evangelho não nos oferece paliativos emocionais, mas cura definitiva − pela graça, mediante a fé, na obra redentora de Cristo.[31]
A culpa, em certo sentido, é uma lembrança espiritual − uma nostalgia daquilo que fomos. Há em nós uma sensibilidade inerente que aponta para o fato de termos sido criados à imagem de Deus. Contudo, com a Queda, essa imagem foi desfigurada, tornando-se uma caricatura do que deveria ser. E essa natureza caída, em sua rebeldia, tenta incessantemente apagar os vestígios do Criador que permanecem impregnados em nossa memória ontológica.[32]
Com a regeneração espiritual, essa imagem é restaurada. Em Cristo, recuperamos aspectos fundamentais do homem criado. E com essa restauração, voltamos a experimentar as dores benditas de uma consciência iluminada pelo Espírito − uma consciência que, embora redimida, ainda lida com o pecado que habita em nós.[33]
Deus não nos trata com paliativos. Ele não nos “desculpa” de forma superficial ou banal. Ele nos perdoa − de forma completa, profunda e definitiva. No perdão de Deus, internalizado em nossos corações, encontramos a solução para nossa culpa. Cristo levou sobre si todos os nossos pecados na cruz. Nada ficou para trás. Tudo foi feito pela graça. Fomos perdoados total e absolutamente.
Portanto, o caminho para a libertação da culpa real é o arrependimento sincero e a confissão dos nossos pecados, reconhecendo a graça de Deus operando em nossa vida.
A importância dos sintomas
O sentimento de culpa, nesses casos, é graça. É o Espírito Santo nos alertando, com clareza e de modo convincente, de que algo está errado − de que transgredimos a Palavra de Deus.
A dor, por exemplo, embora indesejada, é um sinal de proteção. Quando tocamos distraidamente um ferro quente, a dor nos alerta para evitar um dano maior.[34] Da mesma forma, o painel do carro que acende indicando problemas na “injeção” pode ser incômodo, mas é um sinal valioso de que algo está fora do padrão. Frequentemente, o problema não está na injeção, mas no combustível − mesmo aquele vindo de um posto “confiável”, com “bandeira”, mas, que não atende às especificações da mistura, já por si só, bastante generosa…. A luz vermelha não é o problema; ela apenas revela que há um problema.
Mohler escreve com precisão sobre o pecado e suas consequências:
O medo do pecado e de suas consequências leva todos à necessidade da graça de Deus por meio do evangelho de Jesus Cristo. Este é o grande paradoxo da vida cristã. O mundo deseja que fujamos de nossa culpa. A culpa é vista como um inimigo que deve ser morto. Os livros de autoajuda enchem as prateleiras das livrarias porque as pessoas tentam implacavelmente esmagar o sentimento interior de culpa. Para o cristão, porém, a culpa é um presente. Esse sentimento de culpa insaciável e incansável nos leva à única esperança que temos. Os pecadores devem abraçar a culpa infinita em que vivem se quiserem encontrar a graça infinita de Deus. Quando reconhecemos nossa culpa, então, e apenas então, podemos chegar àquela fonte carmesim de esperança, o sangue de Jesus que nos purifica.[35]
O sentimento de culpa, portanto, não é o fim. Ela pode ser o meio pelo qual Deus restringe o mal e, no tempo oportuno, nos conduz de volta a Ele por meio de sua Palavra. [36]
Consciência limpa significa estar sem pecado?
Nossa consciência, quando não cauterizada, desempenha papel fundamental nesse processo. Ela nos inquieta diante do pecado (1Tm 4.2; 1Co 4.3-5), e essa inquietação é sinal de vida espiritual. [37]
Keller (1950-2023) faz uma aplicação valiosa:
O fato de Paulo ter a consciência limpa não faz diferença. Observe com atenção o que ele diz no versículo 4: “Minha consciência está limpa, mas isso não me torna inocente”. A consciência dele pode estar limpa − mas Paulo sabe que consciência limpa não faz dele um homem inocente. Hitler talvez tivesse a consciência limpa, mas isso não significa que ele era inocente.[38]
A consciência, portanto, não é o padrão último de justiça. Ela pode ser moldada por valores equivocados. Somente a Palavra de Deus, iluminada pelo Espírito, pode nos oferecer discernimento verdadeiro sobre nossa condição e nos conduzir ao arrependimento e à graça.
É importante afirmar que a consciência humana não é infalível, tampouco constitui padrão absoluto de verdade. Ela pode refletir, muitas vezes, apenas os traços de nossa formação cultural, educação e tradição. A Palavra de Deus, por sua vez, nos liberta de tradições humanas que, embora arraigadas, foram estabelecidas à revelia da revelação divina e, por vezes, em oposição direta a ela. Assim, é possível que nossa consciência se manifeste não por termos transgredido a Palavra, mas por termos agido contra costumes que não têm respaldo bíblico (Rm 14.14,20-23; 1Co 10.25-29; 1Tm 4.4-5).
Devemos, portanto, cultivar uma consciência santa − não legalista, nem mórbida − mas instruída pela Palavra e sensível aos preceitos de Deus. A purificação da consciência exige saturação bíblica, para que ela seja moldada, iluminada e preservada pelos ensinos do Senhor.
Packer escreveu com precisão:
Uma consciência educada e sensível é um monitor de Deus. Ela atenta para as qualidades morais do que fazemos ou planejamos fazer, condena a ilegalidade e irresponsabilidade e faz com que nos sintamos culpados, envergonhados e temerosos da futura retribuição que, segundo ela, merecemos quando nos permitimos desafiar seus limites. A estratégia de Satanás é corromper, tornar insensível e, se possível, matar a nossa consciência. O relativismo, materialismo, narcisismo, secularismo e hedonismo do mundo ocidental contemporâneo lhe presta grande ajuda neste sentido. Sua tarefa é ainda mais facilitada pelo modo como as fraquezas morais do mundo foram aceitas na igreja contemporânea.[39]
Uma consciência assim educada e preservada torna-se aliada na prevenção do mal e de suas tentações (Sl 119.11). A justiça, segundo as Escrituras, é um escudo contra a corrupção do pecado: “A justiça (hq’d’c..) (tsedaqah) guarda (rc;n”) (natsar) (observar,[40] preservar,[41] seguir[42]) ao que anda em integridade (~To) (tom),[43] mas a malícia subverte ao pecador” (Pv 13.6).[44]
Seguir a justiça de Deus é estar amparado por ensinamentos perfeitos e coerentes. A Palavra, dentro dos limites do revelado, é expressão fiel do caráter de Deus e de sua vontade para nós. Por isso, podemos caminhar com segurança em seus caminhos.
Certamente, uma das formas de preservação espiritual é aprender a contentar-se com o que temos, sem nos deixar seduzir pelo caminho tortuoso − ainda que aparentemente promissor − da injustiça: “Melhor é o pouco, havendo justiça (hq’d’c..) (tsedaqah), do que grandes rendimentos com injustiça” (Pv 16.8).
Quando a injustiça é institucionalizada, ela parece deixar de ser injustiça. Quando os interesses se sobrepõem aos princípios, tudo pode ser justificado. Quando os fins são sacralizados, os meios são racionalizados e automaticamente legitimados.
Por isso, a Bíblia nos ensina que a justiça que devemos seguir é a de Deus, revelada em Cristo. Devemos saturar nosso coração com a Palavra, para que nossa consciência seja teocêntrica − e nosso pensamento, bíblico.
Autenticidade sem arrependimento: o caso Katherine Power
Em 1993, o colunista norte-americano Charles Krauthammer (1950−2018) comentou, com lúcida tristeza, o caso de Katherine Power. Em 1970, ela participou de um assalto a banco que resultou na morte de um policial, Walter Schroeder, alvejado pelas costas, deixando nove filhos órfãos. Após 23 anos foragida, vivendo sob outra identidade, Power se entregou à polícia de Boston.[45] À imprensa, declarou que suas ações foram “ingênuas e impensadas”, e que precisava enfrentar as acusações para viver com “autenticidade total”. Krauthammer observou: “Power veio do frio em busca de ‘autenticidade total’. Não por remorso ou resignação. Não buscando perdão ou arrependimento.” Seu marido foi ainda mais direto: “Ela não voltou por causa da culpa. Ele queria sua vida de volta. Ela quer ser íntegra.”[46] Note-se que os conceitos de pecado, culpa e arrependimento estão ausentes. Após participar de um assalto que culminou na morte de um policial − com todas as implicações morais e humanas decorrentes −, e agora, passados 23 anos, Katherine Power deseja retornar à sua “autenticidade”, sem qualquer vestígio de culpa ou arrependimento. Ao reassumir seu nome e aceitar a penalidade, ela não busca reconciliação, mas apenas afirmação pessoal. Quer ser ela mesma − e nada mais.
Esse episódio ilustra com clareza a proposta da terapia moderna: uma solução sem pecado. Basta que nos perdoemos e tudo estará resolvido. A cura, segundo essa lógica, não está na reconciliação com Deus, mas na restauração do “eu”. O problema não é moral, mas existencial. O pecado é substituído por erro, a culpa por desconforto, e o arrependimento por reconfiguração identitária.
Trata-se de uma espiritualidade sem cruz, uma ética sem absolvição, uma antropologia sem transcendência. O Evangelho, no entanto, não nos convida a reencontrar o “eu”, mas a morrer para ele − para que, em Cristo, sejamos feitos nova criatura. A verdadeira cura não está em recuperar nossa autenticidade, mas em sermos reconciliados com Deus por meio do arrependimento e da fé.
A negação do pecado e a eliminação da culpa
É natural ao ser humano tentar adiar ao máximo a aceitação do pecado, da culpa e do arrependimento. Quando seus recursos terapêuticos se esgotam, recorre-se, por vezes, a uma última estratégia: mudar de nome. A busca já não é pelo arrependimento, mas pela reconstrução do “self”. Afinal, segundo Nietzsche, culpa e pecado são invenções religiosas − especialmente cristãs − para oprimir o indivíduo. Por isso, devem ser eliminadas. Mas onde não há padrões, leis e normas, não há espaço para pecado, arrependimento ou culpa. E, por consequência, não há lugar para confissão, graça, expiação, perdão e reconciliação.
Algumas considerações
Nessas anotações vimos que a culpa não é um inimigo a ser eliminado, mas um sinal − por vezes doloroso, mas necessário − de que algo está fora do lugar. Ela pode ser tanto um sintoma da nossa condição caída quanto um instrumento da graça divina, conduzindo-nos ao arrependimento e à reconciliação com Deus.
A cultura contemporânea, marcada por um discurso terapêutico centrado no “eu”, busca neutralizar o sentimento de culpa por meio da reconfiguração identitária, da autocompaixão e da busca por autenticidade. No entanto, essa abordagem ignora a realidade do pecado e a necessidade de redenção. Sem padrões, não há transgressão; sem transgressão, não há culpa; e sem culpa, não há espaço para arrependimento, confissão, perdão e reconciliação.
A consciência, embora valiosa, não é infalível. Ela precisa ser educada, moldada e purificada pela Palavra de Deus. Uma consciência saturada pelas Escrituras torna-se aliada na luta contra o pecado e na preservação da integridade espiritual. Como bem observou Packer, Satanás trabalha para corromper, anestesiar e, se possível, matar a consciência − e o mundo moderno, com seu relativismo e hedonismo, tem sido um terreno fértil para essa estratégia.
A restauração da imagem de Deus em nós, iniciada na regeneração, nos devolve a sensibilidade espiritual e nos permite experimentar as dores benditas de uma consciência iluminada. Deus não nos oferece paliativos emocionais, mas cura profunda e definitiva por meio da obra expiatória de Cristo. O perdão divino não é superficial; é completo, radical e transformador.
O nosso Pastor é o Senhor misericordioso que, mesmo diante de nossos desvios, nos conduz ao arrependimento e nos perdoa. Com ternura e firmeza, Ele nos reconduz ao caminho, oferecendo-nos a segurança de seu cuidado e a paz de sua graça.
Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa
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[1]A figura do painel que emprego há algumas décadas, foi inspirada na aplicação feita por Adams (1929-2020) que li ainda no meu tempo de estudante. Veja-se: Jay E. Adams, Conselheiro Capaz, São Paulo: Fiel, 1977, p. 101-102.
[2]Veja-se: Culpa: In: Carl F.H. Henry, org. Dicionário de Ética Cristã, São Paulo: Cultura Cristã, 2007, p. 152-153.
[3]“Culpa é aquilo em que uma pessoa incorre quando transgride uma lei” (R.C. Sproul, O que posso fazer com minha culpa? São José dos Campos, SP.: Fiel, 2013, p. 6).
[4] “A Bíblia não é um livro de autoajuda, antes é a Palavra de Deus para juízo e salvação, um meio de graça que cria tanto o arrependimento quanto a fé” (Gene Edward Veith, Jr. De Todo o Teu Entendimento, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, p. 9).
[5] “Se esta palavra, ‘evangelho’, saltita de nossas línguas e, no entanto, as pessoas usam essa palavra para fazer-nos crer que “a lua é de queijo” (como dizem), que bem é esse? O que ganhamos se simplesmente falarmos honrosamente do evangelho, ainda quando reconheçamos que ele é a pura verdade de Deus, à qual todas as criaturas devem se submeter? Devemos conhecer a substância do evangelho: que o Filho de Deus desceu a esta terra para guiar-nos a Deus o Pai e declarar-nos como Deus deve ser adorado. Devemos ainda saber qual é a vontade de Deus, de modo que possamos ordenar toda a nossa vida em torno dela, não servindo-o em conformidade com os nossos desejos e fantasias, mas rendendo-nos a ele naquela obediência que ele requer e aprova acima de tudo mais.” (João Calvino, Sermões sobre Gálatas, volume 1 (Portuguese Edition) (Sermão 4), (p. 84-85). Editora Monergismo. Edição do Kindle).
[6]“Fogem os perversos ([v’r’) (rasha) (= ímpios), sem que ninguém os persiga; mas o justo é intrépido como o leão” (Pv 28.1/Lv 26.17,36; Sl 53.5). O caminho do ímpio ainda que por um momento pareça florescente, não prevalecerá; antes, perecerá (Sl 1.5-6). Ele se perde, sendo infrutífero (Sl 112.10; Pv 10.28; 11.7). Isto porque o juízo pertence a Deus (Dt 1.17). “Vi um ímpio prepotente a expandir-se qual cedro do Líbano. Passei, e eis que desaparecera; procurei-o, e já não foi encontrado. Observa o homem íntegro, e atenta no que é reto; porquanto o homem de paz terá posteridade” (Sl 37.35-37). O cedro do Líbano é conhecido pela sua durabilidade e estatura (Ez 31.3; Am 2.9), podendo atingir 40 metros de altura.
[7]João Calvino, O Evangelho segundo João, São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2015, v. 1, (Jo 4.9), p. 157. “Tão tendenciosas são as sutilezas, nas quais os homens orgulhosos buscam glória para si próprios, que subvertem a genuína doutrina do Evangelho, a qual é simples e despretensiosa” (João Calvino, As Pastorais, São Paulo: Paracletos,1998, (1Tm 6.20), p. 186).
[8]Veja-se: J.I. Packer, A Redescoberta da santidade, 2. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2018, p. 157-158.
[9] Veja-se o pequeno e excelente livro de R.C. Sproul. (O que posso fazer com minha culpa? São José dos Campos, SP.: Fiel, 2013, p. 9-11).
[10] Veja-se: Paul Tournier, Culpa e Graça: uma análise do sentimento de culpa e o ensino, São Paulo: ABU., 1985, p. 71ss.
[11] S. Freud, O Mal-Estar na Civilização, São Paulo: Imago (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. 21), 1996.
[12] Vejam-se alguns exemplos deste caso em R.C. Sproul, O que posso fazer com minha culpa? São José dos Campos, SP.: Fiel, 2013, p. 11ss.
[13]R.C. Sproul, O que posso fazer com minha culpa? São José dos Campos, SP.: Fiel, 2013, p. 13-14.
[14]“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” (1Jo 1.9). “Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não existe pecado.” (1Jo 3.5). “No dia seguinte, João viu Jesus aproximando-se e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1.29).
[15]Sobre esses pontos, veja-se: Francis A. Schaeffer, Verdadeira espiritualidade, São Paulo: Editora Fiel, 1980, p. 144-156.
[16]Martin Buber, O caminho do homem segundo o ensinamento chassídico, São Paulo: É Realizações, 2011, p. 10.
[17]R.C. Sproul, Estudos bíblicos expositivos em Romanos, São Paulo: Cultura Cristã, 2011, p. 109.
[18] Termo jurídico que indica alguém evidentemente culpado, já não havendo possibilidade de defesa. A palavra, gramaticalmente significa: “sujeito à justiça”, “passível de julgamento”.
[19]John F. MacArthur, Jr. Sociedade Sem Pecado. São Paulo: Cultura Cristã, 2002, p. 17.
[20]John F. MacArthur, O Aconselhamento e a pecaminosidade humana: In: John F. MacArthur, et. al. eds. Introdução ao aconselhamento bíblico: um guia básico dos princípios e prática do aconselhamento, São Paulo: Hagnos, 2004, p. 130.
[21] John F. MacArthur, Jr. Sociedade Sem Pecado, São Paulo: Cultura Cristã, 2002, p. 25.
[22] “A verdadeira alegria da vida cristã também depende de um correto entendimento da doutrina” (D. Martyn Lloyd-Jones, A Vida de Paz, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 2008, p. 26). “Uma das glórias da mensagem cristã é que ela oferece alegria e dá alegria real. O indivíduo tristonho, desanimado e de cara-amarrada não é bom representante do verdadeiro cristianismo” (David Martyn Lloyd-Jones, Uma Nação sob a Ira de Deus: estudos em Isaías 5, 2. ed. Rio de Janeiro: Textus, 2004, p. 62).
[23] “Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, à tua direita, delícias perpetuamente.” (Sl 16.11). “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade.” (Gl 5.22). “Quanto ao mais, irmãos meus, alegrai-vos no Senhor. A mim não me desgosta e é segurança para vós outros que eu escreva as mesmas coisas.” (Fp 3.1). “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos.” (Fp 4.4). “Regozijai-vos sempre.” (1Ts 5.16).
[24]Albert Mohler Jr. O Desaparecimento de Deus, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 32.
[25] Veja-se: F. Nietzsche, O Anticristo, 4. ed. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, © 1985, p. 99-101.
[26] John R.W. Stott, A Cruz de Cristo, Miami: Editora Vida, 1991, p. 88.
[27] John F. MacArthur, O aconselhamento e a pecaminosidade humana: In: John F. MacArthur, et. al. eds. Introdução ao aconselhamento bíblico: um guia básico dos princípios e prática do aconselhamento, São Paulo: Hagnos, 2004, p. 138. Do mesmo modo, escreveu Stott: “Se os seres humanos pecaram (o que aconteceu), e se são responsáveis por seus pecados (o que são), então são culpados perante Deus. A culpa é dedução lógica das premissas do pecado e responsabilidade. Erramos por nossa própria falta, e, portanto, devemos arcar com a justa penalidade de nosso erro” (John R.W. Stott, A Cruz de Cristo, Miami: Editora Vida, 1991, p. 86).
[28]“Uma definição não arbitrária deve afirmar o conjunto de características singulares compartilhado por todas as coisas do tipo que está sendo definido” (Roy A. Clouser, O mito da neutralidade religiosa: Um ensaio sobre a crença religiosa e seu papel no pensamento teórico, Brasília, DF.: Editora Monergismo, 2020. Edição do Kindle. (Posição 287 de 11450).
[29]Baruch Espinosa, Ética, São Paulo: Abril Cultural, (Os Pensadores, v. 17), 1973, I.8. Escólio 2, p. 91.
[30] Vern S. Poythress, O Senhorio de Cristo: servindo o nosso Senhor o tempo todo, em toda a vida e de todo o nosso coração, Brasília, DF.: Monergismo, 2019, p. 16.
[31]“Suspeito que, da mesma maneira que Satanás acusa os cristãos para que sintam falsa culpa e falsa acusação, ele também tenta privá-los da grande alegria de conhecer o favor de Deus em suas atividades diárias e de saber que Deus se agrada com a obediência deles.” (Wayne Grudem, Agradar a Deus com nossa obediência: um ensinamento negligenciado do Novo Testamento: In: S. Storms; J. Taylor, orgs. John Piper: ensaios em sua homenagem, São Paulo: Hagnos, 2013, p. 336).
[32] “Ele é a criatura que, inicialmente, foi criada à imagem e semelhança de Deus, e essa origem divina e essa marca divina nenhum erro pode destruir. Contudo, ele perdeu, por causa do pecado, os gloriosos atributos de conhecimento, justiça e santidade que estavam contidos na imagem de Deus. Todavia, esses atributos ainda estão presentes em ‘pequenas reservas’ remanescentes da sua criação; essas reservas são suficientes não somente para torná-lo culpado, mas também para dar testemunho de sua primeira grandeza e lembrá-lo continuamente de seu chamado divino e de seu destino celestial” (Herman Bavinck, Teologia Sistemática, Santa Bárbara d’Oeste, SP.: SOCEP. 2001, p. 17-18). “É verdade que ela não foi totalmente extinta; mas, infelizmente, quão ínfima é a porção dela que ainda permanece em meio à miserável subversão e ruínas da queda” (João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Paracletos, 1999, v. 1, (Sl 8.5), p. 169).
[33] “Até onde somos filhos de Adão, e nada mais além de homens, somos tão completamente escravos do pecado que nada mais podemos fazer senão pecar. Mas quando somos enxertados em Cristo, somos libertados desta miserável compulsão, não porque cessamos definitivamente de pecar, mas para que finalmente sejamos vitoriosos no conflito.” (João Calvino, Romanos (Série Comentários Bíblicos) (Portuguese Edition) (Rm 6.6), Editora Fiel. Edição do Kindle). Posição 4989 de 12112).
[34] Veja-se: Jay E. Adams, Teologia do aconselhamento cristão, Eusébio, CE.: Editora Peregrino, 2016, p. 202-203.
[35]Albert Mohler Jr. O Credo dos Apóstolos: Descobrindo o Cristianismo autêntico em uma era de falsificações, Rio de Janeiro: Pro Nobis Editora, 2021, p. 200-201.
[36]“Estejamos seguros de que quando Deus nos faz sentir sua mão, de modo a humilhar-nos sob ela, que Deus nos está fazendo um favor especial, e que se trata de um privilégio que Ele não concede a ninguém, senão a seus próprios filhos” (Juan Calvino, Bienaventurado el Hombre a Quem Dios Corrige: In: Sermones Sobre Job, Jenison, Michigan: T.E.L.L. 1988, (Sermon nº 3), p. 49).
[37]“Pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência” (1Tm 4.2). “Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós ou por tribunal humano; nem eu tampouco julgo a mim mesmo. 4Porque de nada me argúi a consciência; contudo, nem por isso me dou por justificado, pois quem me julga é o Senhor. 5 Portanto, nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não somente trará à plena luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações” (1Co 4.3-5).
[38]Timothy Keller, Ego transformado, São Paulo: Vida Nova, Edição do Kindle, p. 18.
[39]J.I. Packer, A Redescoberta da santidade, 2. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2018, p. 120.
[40] Sl 119.145.
[41] Sl 31.23; 32.7; 61.7; 64.1.
[42] Sl 119.33.
[43] Integridade (1Rs 9.4; Sl 7.8; 26.1,11; 37.37); sinceridade (Gn 20.5,6; Sl 25.21); pacato (Gn 25.27); ajustar (Ex 26.24). A palavra (~To)(tom) é da mesma de raiz (~ymiT’) (tamiym), (~m;T’) (tamam): ser completo, estar terminado.
[44]“A consciência é de fato muitíssimo importante, mas ela tem de retornar constantemente à escola da Escritura a fim de receber a instrução do Espírito Santo. É assim que os crentes se tornam e permanecem cônscios da vontade de Deus” (W. Hendriksen, Romanos, São Paulo: Cultura Cristã, 2001, (Rm 12.2), p. 533).
[45] Para mais detalhes, veja-se: https://en.wikipedia.org/wiki/Katherine_Ann_Power (Consulta feita em 25.09.2025).
[46]http://content.time.com/time/subscriber/article/0,33009,979318,00.html (Consultado em 25.09.2025). (Quem me chamou a atenção para este fato foi John MacArthur Jr. (Sociedade Sem Pecado, São Paulo: Cultura Cristã, 2002, p. 16-17).