“Cobri-o de beijos e apertei-o selvagemente contra meu coração. Tudo o que alguém poderia desfrutar com uma mulher viva não é nada em comparação com o prazer que experimentei”.
Esse trecho não é fictício, trata-se do relato do Sargento Bertrand, um dos casos relatados pelo Dr. Krafft-Ebing em sua obra Psycopathia Sexualis, publicada em 1886. É chocante, eu sei, e sei também do quão distante a necrofilia está do imaginário popular, mas o problema é que essa distância não é a mesma em se tratando da inclinação do coração.
Volte ao relato, note o tom apaixonante e poético. De alguém que, talvez, só quisesse sentir prazer? Agora imagine uma sociedade daqui a 50 anos (ou menos), defendendo a liberdade sexual dos seus cidadãos, lutando pelo oprimido que em sua orientação sexual tem por objeto de prazer um corpo, morto.
Imagine as pessoas colocando em seus documentos a concessão para a violação de seus corpos, tornando inimputáveis os sujeitos oprimidos, minorias, que amam, mas de um modo diferente. Imaginou?! É um absurdo?! Não seja ingênuo como o revolucionário. Ele pleiteia suas liberdades por ver a si mesmo como um ser essencialmente bom. Um erro elementar.
Ele não ouviu falar do Sargento Bertrand. Não acredita no pecado original, ele debocha disso e vai pondo tudo em desordem. Não fazemos ideia do quão profundo a nossa imaginação pode ir se os freios morais, individuais e coletivos, forem sendo afrouxados como têm sido até aqui.
Mais cem anos e será comum um hotel fazenda para a prática da zoofilia, mas também um prostíbulo aos adeptos à necrofilia. Com a tecnologia de ponta, sempre vista acriticamente como progresso, belos cadáveres seriam preservados.
E tudo isso será visto como mais uma forma de amor, uma expressão do infindo inacabamento e inconclusão do homem: o eterno vir a ser, pauta existencial de todo revolucionário e do omisso ingênuo, que se rende ao politicamente correto.
Quanto ao comportamento anormal, deve ser visto como erro e, o sujeito acometido por essa inclinação, cônscio do mal que é, deve sempre reprimi-lo.
“Não removas os marcos antigos que puseram teus pais”. Provérbios 22.28