Nota do editor: Este é o primeiro de 14 capítulos da série da revista Tabletalk: Manual para viver no reino.
Não consigo me lembrar de quando ouvi pela primeira vez a afirmação “a igreja está cheia de hipócritas”, porém me lembro de ter me perguntado: “isso é verdade?”. É verdade que a igreja está cheia de hipócritas? Ao longo dos anos, ao considerar essa acusação, mesmo considerando a frequência com que alguns cristãos a aceitam com entusiasmo, cheguei à conclusão de que a acusação não é apenas falsa, mas inútil e inadequada.
É verdade que há pessoas na igreja que se autodenominam cristãs e que, de fato, não são verdadeiros cristãos. Embora seja verdade que todos nós podemos agir com hipocrisia de vez em quando, não somos hipócritas de acordo com a definição. Existem várias diferenças entre um cristão e um hipócrita. Um hipócrita é um ator, um enganador de duas faces. Hipócrita é alguém que finge ser o que nunca pretendeu ser. Os cristãos não são hipócritas: somos pecadores arrependidos. Mesmo quando agimos como hipócritas, somos convencidos pelo Espírito Santo, confessamos o nosso pecado e nos arrependemos dele enquanto nos esforçamos para nunca mais agir, falar ou pensar com hipocrisia. Por outro lado, os hipócritas fingem ser algo que não são, até mesmo fingem estar muito arrependidos pela sua hipocrisia. Como cristãos, sabemos que somos pecadores, porém os hipócritas fingem que não o são. Os hipócritas e os cristãos pecam, mas apenas os hipócritas tentam impedir que os outros saibam disso. Os hipócritas amam apenas aqueles que os amam, no entanto, os cristãos amam aqueles que os odeiam. Os verdadeiros cristãos estão ansiosos pelo culto no Dia do Senhor, mas os hipócritas procuram qualquer desculpa para ficar em casa. Um hipócrita questiona: “Quão pouco posso dar e ainda assim ser notado?”. O cristão pergunta: “Quanto posso dar sem ser notado?”. Os hipócritas amam sobretudo o que Deus pode fazer por eles, porém os cristãos amam a Deus por quem Ele é. Como cristãos, odiamos qualquer hipocrisia que se esconde nos nossos corações, motivos ou ações, entretanto, os hipócritas se deleitam com o seu fingimento e esperam que ninguém descubra o que de verdade são.
No Sermão do Monte, Jesus nos ensinou não só como agir, porém quem somos como cidadãos do reino de Deus. Ele nos ensinou que viver no reino não envolve apenas nossas ações exteriores, mas também as atitudes e intenções do coração. Ele nos afirmou que, como somos a luz do mundo e o sal da terra, devemos fazer as nossas boas obras para que o mundo possa vê-las e glorificar o nosso Pai que está nos céus, contudo, não devemos fazer boas obras para ser notado. Ao longo do Sermão do Monte, Jesus nos ensinou a forma de viver no reino. Ele nos instruiu o que significa ser um cristão genuíno cujas obras justas são maiores do que as do fariseu, pois as obras do fariseu são feitas com hipocrisia para si mesmo, para o seu próprio reino e para a sua própria glória, não para o reino e a glória de Deus.
Este artigo foi publicado originalmente na TableTalk Magazine.