Como Deus nos protege?

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1 Pedro 1.5 ocupa um lugar muito especial em sua vida, Pastor John – um texto precioso sobre o poder de Deus sobre seus filhos, daqueles “que pelo poder de Deus estão sendo guardados pela fé para uma salvação pronta para ser revelada no último tempo”. Isso é tão precioso! Esta é a promessa que você queria como um estandarte sobre a vida de sua mãe, e por isso teve uma frase deste texto (na versão King James) gravada em seu túmulo: “Guardada pelo poder de Deus”. Ruth Piper foi mantida pelo poder de Deus nesta vida até sua trágica morte em um acidente de carro aos 56 anos. O senhor tinha 28 anos na época do acidente, quase cinquenta anos atrás.

Menciono 1 Pedro 1.5 porque o texto também adorna nossa leitura bíblica de ontem, quando começamos esta nova semana. Melissa, uma ouvinte do podcast, quer saber mais sobre o que o versículo significa. Ela escreve: “Olá, pastor John! O que Pedro quer dizer com sermos guardados ‘pelo poder de Deus… mediante a fé’? Como exatamente Deus nos guarda por seu poder, mas por meio da fé? Ele está nos guardando por meio de nossa própria fé? Eu não entendo como isso funciona. O cuidado de Deus a mim depende da minha fé? Este é um texto que deveria me dar muito conforto, mas não me dá, pelo menos por enquanto. Acredito que com sua explicação conseguirei compreendê-lo melhor e ser confortada.”

Aqui está a passagem, 1 Pedro 1.4-5 – vamos colocá-la na nossa frente para que saibamos do que estamos falando. Temos “uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo”. Uma das coisas maravilhosas sobre essa promessa é que há uma dupla guarda ou uma dupla proteção.

Primeiro, Deus está mantendo ou protegendo uma herança no céu para nós. Versículo 4: temos “uma herança incorruptível, imaculada e imarcescível, guardada [ou mantida] no céu” por Deus para nós. Então, quando chegarmos lá, a herança será fabulosa e não arruinante ou decepcionante, de forma alguma. É isso que está sendo mantido.

Aqui está a outra. A outra proteção é que Deus está nos guardando para isso. Ele não apenas a guarda – a herança – para nós no céu, mas nos guarda para que possamos desfrutá-la. Ele garante que estará lá e que chegaremos lá. Essa é a questão dupla incrível neste versículo – por que é um dos favoritos de muitas pessoas, inclusive eu. Em outras palavras, este versículo nos ensina que iremos conseguir!

Quem sustenta nossa fé?

Agora, a questão-chave de como obtemos força disso – como realmente aplicamos isso em nossas vidas e extraímos alegria dessa promessa? – a questão-chave é se “guardado por Deus mediante a fé” significa que sustentamos nossa própria fé e então Deus responde nos guardando ou preservando, ou se Deus sustenta nossa fé e dessa forma ele nos guarda e nos preserva. No primeiro significado, somos a causa decisiva de nossa fé contínua e, no segundo significado, Deus é a causa decisiva de nossa fé contínua. Qual delas está correta?

A resposta a essa pergunta decide como responderemos a essa pergunta: Como posso ter certeza de que acordarei um crente amanhã de manhã? Em um caso, a resposta seria: “Deus cuidará para que eu creia amanhã de manhã. Ele sustentará minha fé. Ele prometeu sustentá-la, mantê-la, guardá-la. Ele vai me manter acreditando.” No outro caso, a resposta seria: “Só posso esperar que minha vontade independente e autodeterminada não seja superada esta noite por minha carne, pelo diabo ou pelo mundo, uma vez que o poder decisivo e sustentador deve vir de mim”.

Cinco razões para confiar

Vejo pelo menos cinco razões para pensar que Pedro pretendia nos fortalecer e encorajar ensinando que Deus sustenta nossa fé, e é assim que ele nos guarda para a “salvação final pronta para ser revelada no último tempo”.

1. A outra visão não faz sentido.

Não acho que a outra interpretação – que somos os sustentadores decisivos de nossa própria fé – faça sentido neste versículo. Eu acho que tem uma contradição embutida nisso. Suponha que você – nós, humanos – forneçamos a causa decisiva de sustentar nossa fé dia após dia. Isso é o que você fornece. Minha pergunta é: O que resta para Deus fazer para guardá-lo para sua herança celestial, sua salvação final? Você pode responder: “Em resposta à minha fé, ele derrota os efeitos destrutivos de Satanás e os efeitos destrutivos do sofrimento e dos prazeres deste mundo. Isso é o que ele faz em resposta à minha fé autossustentável.”

Mas pense nisso. Há apenas uma maneira pela qual Satanás, o sofrimento e os prazeres mundanos podem impedi-lo de alcançar o céu – ou seja, destruindo sua fé, o que você já realizou. Então, Deus não precisa prover isso. Você já fornece isso. As acusações de Satanás não te mantêm fora do céu. A dor do sofrimento não te mantém fora do céu. As seduções do mundo não te mantêm fora do céu. A única maneira pela qual Satanás, o sofrimento e os prazeres mundanos podem mantê-lo fora do céu é fazendo com que você se afaste de Cristo e pare de crer nele como seu tesouro supremo. E é isso que você mesmo já tem ao sustentar sua própria fé.

Se você diz que Deus impede a destruição satânica de sua fé depois ou como resultado de sua fé, que você mesmo sustentou triunfante e decisivamente, isso é uma contradição. Deus não te guardará de algo pelo qual você mesmo já está fazendo. Isso é uma contradição. O que você realmente está dizendo é que você mesmo se protegeu dos efeitos destruidores de fé de Satanás, do sofrimento e dos prazeres mundanos. Ou seja, você se guardou para a herança por meio da fé, e Deus simplesmente não é necessário para levá-lo até lá, guardando ou sustentando sua fé.

Então, concluo que ser guardado pela fé pelo poder de Deus significa que o poder de Deus sustenta nossa fé, e é por isso que Satanás, o sofrimento e o prazer não conseguem destruir nossa fé. O poder de Deus sustenta nossa fé. Ele nos guarda para a salvação final, mantendo nossa fé. Esse é o argumento número um. A outra visão não faz sentido. Tem uma contradição embutida.

2. Cremos ‘por meio dele’.

Neste mesmo capítulo, 1 Pedro 1.20–21 diz: “[Cristo] conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós 21que, por meio dele, tendes fé em Deus..”. Agora, eu acho que “por meio dele, tendes fé em Deus” significa que ele é a causa e o poder sustentador da nossa fé.

3. A fé vem pelo novo nascimento.

O versículo 3 diz: “segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança…” (1 Pedro 1.3). Agora, sabemos que “a fé é a certeza das coisas que se esperam” (Hebreus 11.1). A fé é inseparável da esperança. Esperança é fé no tempo futuro, podemos dizer assim. Portanto, a maneira como nos tornamos cristãos não se deveu a nenhum mérito em nós mesmos. Nós não fizemos nada. Estávamos mortos. Tínhamos que nascer de novo. Deus, na”sua grande misericórdia… nos regenerou”, nos fez nascer de novo. Isso nos levou a ter vida espiritual, e essa vida se manifesta em esperança e fé. É assim que permanece por toda a nossa vida, estou argumentando. Nossa fé foi trazida à existência pela misericórdia – misericórdia imerecida, totalmente abundante, misericórdia divina – e é sustentada pela misericórdia.

4. Deus promete nos guardar.

Essa interpretação se encaixa com a promessa da Nova Aliança em que os cristãos vivem agora. Isso é quem somos. Somos pessoas da nova aliança compradas com sangue. E aqui está como Jeremias descreve a Nova Aliança, que é a experiência dos crentes hoje. Em Jeremias 32.40, o Senhor diz: “Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim”. Essa é a promessa da fé sustentada por Deus. Esse é o coração da Nova Aliança – o coração dela. Deus coloca seu temor – coloca fé – em nós, para que não naufraguemos em nossa fé. Essa é a promessa e a diferença entre a Nova e a antiga aliança.

5. Jesus intercede por nós.

Finalmente, em Lucas 22.31 há uma bela imagem de como essa obra de Deus que sustenta a fé acontece – aconteceu então e acontece agora por causa da intercessão de Cristo por nós no céu. Jesus diz a Pedro na noite anterior à sua crucificação: ” Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo!”. O que isso significa? Isso significa que Satanás iria esmagá-lo através da peneira e peneirar toda a sua fé. Ele vai deixá-lo lá, e sua fé ficará presa nos fios da peneira. É isso que ele estava tentando fazer naquela noite. Mas no verso seguinte vemos as palavras de Jesus: “Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça…” (Lucas 22.32).

Em outras palavras, Cristo pediu a seu Pai celestial que sustentasse a fé de Simão. Isso é o que Cristo faz. Depois ele diz: “quando te converteres” – ele não diz “SE você se converter”, mas sim “quando você se converter”. Ou seja, Jesus sabe que isso vai acontecer. Ele pede a Deus por isso. Quando você se arrepender, então “fortaleça seus irmãos”. Então, essa é uma imagem de como Cristo intercede por nós hoje. Ele está intercedendo por nós, e é isso que ele está fazendo — ele está pedindo ao nosso Pai que sustente nossa fé assim como fez por Pedro.

Então, pelo menos por essas cinco razões – pois há mais – acho que podemos nos alegrar. Na verdade, acho que devemos pular de alegria porque Deus não apenas está guardando um tesouro para nós no céu; Ele também está nos mantendo seguros para o céu. “Pelo [seu] poder… por meio da fé” – ou seja, sustentando nossa fé.

 

 

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Por: JOHN PIPER. © Desiring God Foundation. Website: desiringGod.org. Traduzido com permissão. Fonte: How God Guards You | Tradução, revisão e edição por Vinicius Lima.