Seja bem-vindo a mais um episódio do podcast John Piper Responde! O assunto de hoje já foi falado em outros episódios, que é o assunto sobre aposentadoria. Nossa ouvinte Maria tem uma pergunta sobre isso, mas algo mais relacionado ao quanto de dinheiro seria sábio e bíblico acumularmos para vivermos nossa aposentadoria de maneira que agrade ao Senhor. Vamos à pergunta:
“Olá, Pastor John! Você pode compartilhar alguma sabedoria para pensar em quanto dinheiro eu deveria guardar para a aposentadoria? Estou tentando um equilíbrio entre ser responsável em prover meu futuro, andar na fé, doar generosamente para missões, algo além do meu dízimo. Poupar é algo natural para mim, mas também tenho uma tendência a acumular dinheiro que pode ser facilmente provocada quando leio nos jornais que preciso economizar ou investir cerca de $ 1,5 milhão de dólares antes de me aposentar. Eu nunca vou chegar a esse nível. O que você diria a uma pessoa na minha situação? Faltam apenas sete anos para eu me aposentar.
Acho que a primeira coisa que diria é que não sou um planejador financeiro treinado e tenho certeza de que há aspectos das finanças que não conheço e não entendo, e que, portanto, dar qualquer conselho específico, especialmente à distância, seria imprudente. E eu acrescentaria o quão profundamente grato sou por ter confiado em conselheiros ao meu redor em minha vida para me ajudar com essas coisas. Não estou falando agora que sou um homem velho e preciso de alguma orientação para o último capítulo da minha vida e como fazer finanças nesta situação. Estou falando de toda a minha vida.
Lembro-me de estar sentado à mesa da sala de jantar com um planejador financeiro – um bom amigo de nossa igreja, um planejador financeiro treinado. Eu tinha quatro filhos pequenos e estava pedindo a ele que me ajudasse a pensar em minhas responsabilidades financeiras para com minha esposa e filhos se eu morresse. Fizemos esse tipo de pensamento em todas as fases de nossas vidas porque essa necessidade, essa necessidade financeira, muda a cada fase de sua vida. E você tenta pensar em todas as etapas: Como posso ser um bom pai, um bom mordomo, um bom cuidador para minha esposa e filhos quando eu, que sou a pessoa que provê nesta casa, não estiver mais aqui? Então, eu certamente encorajaria esse tipo de preocupação e planejamento a todos. Todos nós buscamos ajuda de pessoas sábias, saturadas da Bíblia e que conhecem bem essas coisas.
Então, além de minhas próprias limitações, precisamos ser lembrados de que existem tantas variáveis na vida das pessoas que nenhuma solução, nenhum padrão de lidar com as finanças, se aplica da mesma forma a todos. Existem variáveis familiares, geográficas, variáveis de custo de vida e de opção de moradia em diferentes cidades, além das variáveis de saúde. Meu Deus, há tantos fatores que contribuem para o nosso planejamento de como lidar com as poucas ou grandes finanças que podemos ter. A situação de cada um é única.
Então, o que devo dizer a Maria, que está com quase cinquenta anos e quer maximizar sua doação para missões agora, e ainda sabe que provavelmente é sensato reservar dinheiro para a temporada em que ela não estará tendo a mesma renda de agora? E mesmo antes de responder a essa pergunta, não posso deixar de dizer, mesmo que rapidamente, que estou ciente de que milhares de nossos ouvintes de países menos desenvolvidos ao redor do mundo não podem nem sonhar com algumas das perguntas que estamos colocando aqui porque nem existem estruturas econômicas e sociais que permitem esse tipo de planejamento financeiro. Mas espero que esses nossos preciosos ouvintes de todo o mundo ouçam, por trás do que vou dizer, alguns princípios bíblicos que podem se aplicar (espero que se apliquem) à situação deles.
Princípio de ser autossustentável
Talvez o princípio mais básico sobre o sustento de nós mesmos durante o último capítulo de nossas vidas seja que, na medida do possível, devemos buscar pela graça de Deus ser autossustentáveis. Considere estes versículos de 1 e 2 Tessalonicenses:
- 2 Tessalonicenses 3.7–8: “Pois vós mesmos estais cientes do modo por que vos convém imitar-nos, visto que nunca nos portamos desordenadamente entre vós, nem jamais comemos pão à custa de outrem; pelo contrário, em labor e fadiga, de noite e de dia, trabalhamos, a fim de não sermos pesados a nenhum de vós.” Então, é isso que Paulo diz que eles devem imitar.
- 2 Tessalonicenses 3.12: “A elas, porém, determinamos e exortamos, no Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando tranquilamente, comam o seu próprio pão.”
- 1 Tessalonicenses 4.10–12: “Vos exortamos . . . [a] viver tranquilamente, cuidar do que é vosso e trabalhar com as próprias mãos, como vos ordenamos.”
Então, eu extraio dessas passagens o princípio de que, na medida em que somos capazes, devemos ganhar nosso próprio sustento, pagar por nosso próprio sustento. E acho que isso se aplica desde o dia em que começamos a ter renda até o dia de nossa morte. E como sabemos que não seremos capazes de continuar em alguns empregos por causa das idades de aposentadoria compulsória que nos são impostas, bem como seremos impedidos de ganhar a vida às vezes por causa do enfraquecimento dos nossos corpos, devemos, portanto, planejar como obedeceremos a esse princípio no último capítulo de nossas vidas – a saber, ser financeiramente autossustentável. Essa é uma parte essencial da lógica bíblica para todas as formas financeiras que existem para pouparmos antecipadamente para continuarmos a ser autossustentáveis financeiramente durante nossa aposentadoria.
Princípio do cuidado
Mas é manifestamente óbvio que milhões de pessoas aqui e em todo o mundo sobreviverão à sua capacidade de serem independentes. E assim, o Novo Testamento tem outro princípio – a saber, as obrigações de cuidado da família e da igreja e então (por implicação, eu acho) a rede de segurança social que a igreja local em geral pode criar. Então, aqui está 1 Timóteo 5.16: “Se alguma crente tem viúvas em sua família, socorra-as, e não fique sobrecarregada a igreja, para que esta possa socorrer as que são verdadeiramente viúvas.” Em outras palavras, algumas dessas viúvas não têm ninguém, elas não têm nenhuma família para cuidar delas, e a igreja vai intervir. “‘Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos da própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente.” (1 Timóteo 5.8)
Então, onde não somos mais capazes de nos autossuprir, Deus ordenou que famílias e igrejas intervenham. E suspeito que a existência de seguridade social legalmente obrigatória na sociedade em geral se deva à influência cristã profundamente enraizada que diz que não jogaremos fora nossos idosos, mas encontraremos uma maneira de cuidar deles. Acho que é possível participar desse sistema. Estou nele, mas mesmo assim, ainda acredito que a família e a igreja têm responsabilidades especiais. Se você acha que isso precisa de mais defesa e explicação, podemos fazer isso em outro episódio.
Princípio ministerial
Outro princípio bíblico que eu enfatizaria é que a Bíblia não tem concepção do que nós americanos e outras pessoas de países desenvolvidos normalmente pensam como aposentadoria – isto é, trabalhar por quarenta ou cinquenta anos e depois se divertir por quinze ou vinte anos e ficar só pescando, jogando golfe, jogando dominó na praça, fazendo viagens, hobbies… vivendo como se o céu devesse começar aos 65 anos e não com a nossa morte.
Esse princípio se relaciona diretamente com a preocupação de Maria com o dinheiro para missões agora e como isso se relaciona com seus anos como aposentada. E a maneira como isso se relaciona é esta: se Deus é gracioso em conceder saúde básica, então o planejamento sábio para o último período de sua vida significa que você continuará doando para missões. Não é como “eu faço isso agora ou não faço”, mas sim que você continua de acordo com sua renda. Você apenas continua doando para missões. Pode não ser tanto, mas você doa. E é uma coisa gloriosa poder doar pelo menos um pouco se sua renda for pequena. Você não para de doar.
Tenho algo ainda mais importante a dizer: nessa temporada, na última temporada de sua vida, você precisa entender que você está em uma missão. Você não está parando a vida e começando a viver o céu. Você está em uma missão. Você não dá apenas para missões; vocês se torna missões. Você não pensa principalmente em se divertir; você pensa principalmente no ministério. Enquanto for capaz, você se inclina a atender às necessidades. Isso é o que você faz. Isso é o que os cristãos fazem. Eles se inclinam para as necessidades, não para o conforto. O céu é conforto. Este mundo está atormentado por dor, sofrimento, calamidade e necessidades. É isso que fazemos: aliviamos o sofrimento, especialmente o sofrimento eterno. Você permanece zelosa nas boas obras até o fim. Você magnifica Jesus servindo. O céu está vindo ao nosso encontro. Não é para nos arrastarmos em direção a ele. Não devemos arrastá-lo do futuro para o presente. Destine-se a sustentar a esperança e o ministério.
Agora, eu sei que esses princípios são muito gerais, mas acho que se Maria e todos nós pensássemos dessa maneira sobre o último capítulo de nossas vidas, Deus, em sua misericórdia, nos daria toda a orientação de que precisamos sobre os detalhes para este planejamento financeiro.
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