Por que uma declaração sobre Cristo é relevante hoje?

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Na cidade universitária de Oxford, na Inglaterra, há um monumento dedicado aos mártires da Reforma, cuja inscrição diz:

Entregaram seus corpos para serem queimados, por proclamar verdades sagradas que haviam afirmado e mantido contra os erros da Igreja romana, e se regozijaram porque a eles foi dado não somente crer em Cristo, mas também sofrer por Sua causa.

Você vê os verbos-chave aqui? Eles “afirmaram” e “mantiveram” doutrinas verdadeiras e biblicamente fiéis. Esses mártires eram teólogos e pastores. Ensinavam e defendiam as verdades da Palavra de Deus. Entre essas verdades, se destacam os lemas da Reforma: solus Christus (somente Cristo), sola fide (somente a fé) e sola gratia (somente a graça). Essas verdades da Reforma resumem doutrinas fundamentais relativas à pessoa e à obra de Cristo. Resumem o evangelho.

Os mártires da Reforma também se regozijaram. Se regozijaram por terem sido considerados dignos de sofrer por Cristo. Isso representa um compromisso teológico. Estamos navegando em águas desconhecidas na maior parte do mundo ocidental. Vivemos em uma era pós-cristã, como muitos já apontaram. Há uma urgência hoje que é quase palpável. É uma urgência que exige compromisso teológico.

Nossa era pós-cristã é uma era de confusão. Também vivemos uma era de crescimento do islamismo, por um lado, e de ascensão daqueles que não se identificam com nenhuma religião, por outro. É uma era de pluralismo, de muitas vozes que afirmam muitas verdades, alguns podem fingir que não se importam com a verdade. Essa confusão podemos encontrar tanto fora quanto dentro da igreja.

Em tempos de confusão, precisamos de clareza e convicção. Para esse fim, Ligonier lançou O Verbo se fez carne: a Declaração do Ministério Ligonier sobre Cristologia. A primeira linha da declaração afirma:

Confessamos o mistério e a maravilha
de Deus feito carne
e nos regozijamos na nossa grande salvação
por meio de Jesus Cristo nosso Senhor.

Temos dois tópicos principais aqui. Primeiro está a pessoa de Cristo e a doutrina da encarnação. Jesus é “Emanuel”, que significa “Deus conosco” (Mt 1:23). Ele é o Deus-homem. A palavra “encarnação” significa literalmente “assumir natureza humana”. Isso é realmente um mistério e uma maravilha. O mistério nos faz ser humildes e nos submeter. A maravilha nos faz ficar admirados e impressionados. Tanto o mistério quanto a maravilha nos fazem adorar e reverenciar.

O segundo tópico principal é a obra de Cristo. Cristo consumou nossa grande salvação. Como Deus-homem, apenas Ele pode salvar. Em um mundo de muitas vozes e em um mar de pluralismo religioso, somente Cristo é o caminho, a verdade e a vida (Jo 14:6). A Declaração do Ministério Ligonier sobre Cristologia e as 25 afirmações e negações que a acompanham elaboram e exploram os abundantes detalhes desses dois tópicos: a pessoa e a obra de Cristo.

Há também dois verbos-chave nestas linhas iniciais. A primeira é confessar. É uma palavra latina, que significa “declarar com”. Quando confessamos algo, estamos declarando algo a alguém. Se eu confessar um crime, estarei declarando às autoridades (ou com as evidências) minha culpa. Se confesso uma crença, estou declarando às autoridades sobre minha crença. Estamos declarando uns aos outros nossas crenças mútuas. Como igreja cristã, confessamos Cristo em conjunto. Mas aqui está uma ideia impressionante. Quando confessamos, estamos na verdade declarando a Deus. Estamos declarando o que Ele revelou sobre Si mesmo em Sua Palavra. Quando afirmamos: “Confessamos…”, o que vem a seguir deve ser absolutamente verdadeiro, confiável e sólido.

Esse é um compromisso teológico. Somente uma crença pela qual vale a pena morrer, e viver também, vale a pena confessar.

O segundo verbo-chave nas linhas iniciais da Declaração do Ministério Ligonier sobre Cristologia é “regozijar”. O Dr. R.C. Sproul gostava de mencionar que a teologia canta. Ou melhor, ele dizia que a boa teologia canta. Essas crenças são muito mais do que afirmações intelectuais. Inflamam o coração e levam a vida à ação. Quando se declara uma boa teologia, a língua é liberada e os desejos se manifestam.

Se regozijar é uma palavra composta. O prefixo “re”, em regozijar é o que os linguistas chamam de “intensidade”. Intensifica a ação da palavra à qual está unida, neste caso, regozijo. Regozijar significa ter muito regozijo, ou até mesmo provocar regozijo. Regozijo em abundância.

Como aqueles mártires da Reforma puderam se regozijar no sofrimento e no martírio? A resposta é Cristo. Tinham um foco nítido em Cristo e este crucificado. Esse foco proporcionou uma perspectiva para todos os aspectos de suas vidas e até mesmo para suas mortes. Tal era a profundidade e amplitude do seu compromisso teológico.

“Confessamos o mistério e a maravilha de Deus feito carne e nos regozijamos na nossa grande salvação por meio de Jesus Cristo nosso Senhor.” Este é o nosso compromisso teológico. Por essa razão é que uma declaração sobre Cristo é importante agora.

Leia, compartilhe e faça o download da declaração em vários idiomas em ChristologyStatement.com/pt ou clique nos links abaixo:

●      Prefácio

●      A declaração

●      Afirmações e negações

●      Ensaio explicativo

●      Downloads


Este artigo faz parte da coleção Declaração do Ministério Ligonier sobre Cristologia.

Publicado anteriormente em O Verbo se fez carne: Declaração do Ministério Ligonier sobre Cristologia, pelo Ministério Ligonier.

Este artigo foi publicado originalmente em Ligonier.org.