Recordar do cuidado de Deus

Deserto.
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O propósito do nosso deserto – Parte 2/3

Para nos ensinar a recordar do cuidado de Deus (vv.2-6) 

Deus guiou o seu povo

Uma das coisas que costumeiramente nós fazemos é nos esquecermos do cuidado de Deus. O livro de Deuteronômio menciona pelo menos quinze vezes o verbo “lembrar” e quatorze vezes o verbo “esquecer” para que os israelitas dessem atenção ao cuidado de Deus por todo o caminho pelo qual foram conduzidos.

No entanto, de que maneira o texto fala sobre o cuidado de Deus pelo Seu povo, meus irmãos? Através do verbo “guiou” (v.2). A força desse verbo, meus irmãos, corresponde à imagem de Deus como pastor do Seu povo no deserto, atuando de modo pessoal, intencional e, sobretudo, incondicional. Pessoal, porque Deus estava presente com o Seu povo no deserto (Dt 2.7); intencional, porque Deus estava guiando o Seu povo para a terra que lhes prometeu (Nm 10.33); e incondicional, porque Deus amava (Dt 7.8) um povo rebelde (Dt 9.7). O que é “todo o caminho” pelo qual Deus guiou o Seu povo no deserto? (v.2). “Todo o caminho” que eles deveriam se recordar é a saída do Egito até a chegada na terra de Canaã.

Deus disciplinou o seu povo

Então, de que modo, meus irmãos, Deus manifestou o Seu cuidado com o Seu povo no deserto? Deus manifestou o Seu cuidado através da disciplina. Como sabemos que o texto está falando sobre disciplina? Porque duas vezes é mencionado no texto “quarenta anos” (v.2, 4). Além disso, o v. 5 diz: “Sabe, pois, no teu coração, que, como um homem disciplina a seu filho, assim te disciplina o Senhor, teu Deus.”

Por que, então, Israel andou quarenta anos no deserto? Por causa do pecado de rebeldia. Moisés havia enviado doze homens, um de cada tribo de Israel, para espiarem a terra que o Senhor havia prometido. No entanto, dez desses homens trouxeram um relatório negativo sobre o povo da terra, dizendo que eram gigantes e que os israelitas eram como gafanhotos perante eles. Os outros dois espias, Josué e Calebe, mantiveram-se perseverantes em confiar na promessa do Senhor.

O resultado do relatório negativo dos espias trouxe não somente desânimo ao coração do povo, mas também os incitou à rebeldia e à murmuração, de modo que Deus manifestou o Seu desagrado sobre o povo, castigando-os com quarenta anos no deserto.

Deus humilhou o seu povo

De que maneira, então, Deus os disciplinou? Humilhando-os (v.2, 3). O sentido do verbo “humilhou” corresponde ao fato de que os israelitas eram de “dura cerviz”. Deus os humilhou deixando que sentissem fome, a fim de lhes ensinar a plena dependência Dele (v.3).

Qual era, portanto, o propósito dessas provações? “Para saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os meus mandamentos” (v.2). Deus sabia o que estava no coração dos israelitas, no entanto, eles mesmos não sabiam. E o deserto, com todas as suas provações, demonstrou-lhes quais eram as motivações que tinham em seus corações.

Deus proveu o seu povo

Além da disciplina, Deus manifestou o Seu cuidado através da provisão. Deus cuidou do Seu povo através da provisão material (v.3). Deus providenciou para o Seu povo o maná no deserto (cf. Êx 16). O próprio nome “maná”, que significa “que é isto?”, corresponde à natureza do desconhecimento desse tipo de alimento. É sem precedentes. E Deus mesmo proveu para os israelitas no deserto. Deus cuidou do Seu povo nos mínimos detalhes (v.4).

E o objetivo de Deus com isso era ensinar a suficiência da provisão espiritual (v.3). Com o que deveriam estar satisfeitos no deserto, meus irmãos? Com “tudo o que procedia da boca de Deus”. Por qual motivo? Porque as palavras de Deus são “vida” (v.3).

Finalmente, Jesus Cristo, à semelhança dos israelitas, foi chamado do Egito (Os 11.1; Mt 2.15); foi batizado no “mar” (1Co 10.1-2; Mt 4.1-11); foi levado ao deserto (Mt 4.1; 1Co 10.1-5); foi tentado (Mt 4.1-11), porém, saiu vitorioso contra todas as investidas do diabo, meus irmãos. Foi-lhe sugerido transformar as pedras em pães, no entanto, o Senhor confiou na suficiência do Pai. Ele replicou as palavras de Deuteronômio: “não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca do Senhor” (Mt 4.4). Jesus venceu todas as provações no deserto através da palavra de Deus.