Tentando pensar e viver como um Reformado: Reflexões de um estrangeiro residente – Parte 42

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3. Deus, as Escrituras e a arte

Quando historiadores da arte tratam da arte produzida pelos judeus, é comum a identificação da proibição divina quanto à idolatria (Êx 20.4-6)[1] com uma suposta proibição divina à arte.[2]

É possível que a falta de uma maior clareza de interpretação bíblica tenha contribuído para o não desenvolvimento de determinada manifestação artística entre os judeus. Dentro de uma perspectiva mais ampla, devemos entender que a arte na Escritura é proibida apenas como instrumento de idolatria, não como meio de glorificar a Deus por meio do belo.

Stigers comenta:

O fato de que querubins foram bordados no véu interno do Tabernáculo (Êx 26.31), de que as paredes do Templo de Salomão foram esculpidas com figuras de querubins e palmeiras (1Rs 6.29), e de que Tabernáculo e Templo tinham figuras de querubins no propiciatório, dentro do Santos dos Santos, indica que o segundo mandamento não impediu a produção de trabalhos artísticos.[3]

No Antigo Testamento, encontramos com frequência a ação do Espírito associada à vida intelectual de diversos homens (Vejam-se: Jó 32.8; 35.10,11/Gn 2.7; Êx 31.2-6; 35.31-35; Nm 11.17,25-29; 27.18-21/Dt 34.9).[4] O Espírito é o autor de toda vida intelectual e artística. Nele temos o sentido do belo e sublime como expressão da santa harmonia procedente do Deus Triúno que é perfeitamente Belo em sua Santidade e Majestade.

Referindo-se à obra de Bezalel e Aoliabe, Ferguson escreve:

A beleza e a simetria da obra executada por esses homens na construção do tabernáculo não só deram prazer estético, mas um padrão físico no coração do acampamento que serviu para restabelecer expressões concretas da ordem e glória do Criador e suas intenções em prol de sua criação.[5]

  

Glória, Santidade e Beleza

A santidade de Deus é perfeitamente bela em sua expressão. A Glória de Deus é a sua santidade manifestada. Nos atos de Deus, por graça, podemos enxergar ainda que de forma diminuta aspectos da Beleza Gloriosa de Deus.

A Escritura nos mostra que Deus como autor de toda beleza, aprecia o belo. A beleza não tem existência própria e autônoma. Ela provém de Deus, portanto, há o perigo para nós de fazermos a separação entre beleza e Deus, correndo o risco de adorar a criação em lugar do Criador (Rm 1.25),[6] perdendo a dimensão que por trás da criação há o Criador, para onde todas as coisas criadas deveriam apontar.

Mesmo a natureza não tendo sido feita à imagem de Deus, ela reflete o seu Criador que a avalia e a aprova considerando-a boa dentro do propósito para o qual foi criada. (Gn 1.31).

No entanto, por mais gloriosa que seja a criação de Deus − mesmo antes da Queda − expressando aspectos do seu Criador, tais como: beleza, grandeza, soberania, sabedoria, harmonia e bondade, ela não se compara ao Criador que é extremamente mais glorioso do que toda a criação. A beleza pura, plena e consumada só temos absolutamente em Deus.

Por isso, a obra de Deus não é um ato isolado de sua glória ou um ato de “superação” – como a de um artista que se supera na criação de sua “obra-prima” –, antes é a expressão compreensível a nós de sua transcendente glória que ultrapassa totalmente à nossa capacidade de compreensão (Rm 11.33-36/Jó 36.22,26; 37.5,16).

A glória de Deus está expressa em tudo o que realiza. A natureza de Deus se evidencia em todas as suas realizações. Porém, como acentua Allen:

Essas relações conosco não conseguem revelar e não revelam a essência divina para nós; pois a criação é um efeito de Deus. A encarnação e nossa recepção da nova vida vêm dela também são resultados da ação de Deus. Todos estes efeitos de Deus não esgotam a magnitude de sua fonte. Um efeito, mesmo grande, não pode revelar a plena extensão ou natureza de sua fonte inexaurível. Assim, até mesmo nos atos de criação e redenção, a natureza essencial de Deus, ou Seu ser não é conhecível. Embora essa natureza essencial esteja presente, e presente de maneira inédita na encarnação, nós não podemos compreendê-la plenamente. As ações de Deus nunca exaurem a natureza divina, e nós conhecemos a Deus somente quando Ele age ou se relaciona conosco.[7]

A glória de Deus por pertencer essencialmente a Ele, sendo-lhe inerentemente ontológica, não lhe é atribuída, acrescentada, diminuída ou mesmo esgotada em sua complexidade;[8] é-lhe totalmente intrínseca. Por isso, de nada carece fora de si mesmo: permanece inalterada em tudo que criou e preserva.[9] Nada nem ninguém lhe comunica glória.

O belo por sua vez, não tem apenas um sentido funcional, antes, é prazeroso, refletindo de alguma forma a grandeza da Criação divina que, por sua vez, reflete a natureza majestosa de Deus e seu amor que faz com que Ele se comunique conosco de forma tão amorosa, bela e harmoniosa.

A relação de Deus com seu povo não é apenas verdadeira; é também bela: O Deus Majestoso vem ao nosso encontro e se acomoda à nossa estrutura, que Ele mesmo criou, para se comunicar conosco e conceder-nos o melhor antes mesmo que percebamos a nossa carência. Não foi assim a “decisão” da criação da mulher?

Portanto, a nossa criatividade deve ser atribuída a Deus, sua fonte inesgotável e perfeita. O Deus que nos criou à sua imagem é o Artista original. O nosso senso estético procede também de Deus, como por uma imagem.[10]

Nós, como imagem, tentamos imitá-lo de forma subjetiva, visto que somente Deus possui de forma absoluta a objetividade do Belo em suas perfeições que se constituem em seu modelo.[11] O que quero dizer é que não há um padrão de beleza ao qual Deus se harmonize; antes, Ele em sua natureza essencial e revelada é o padrão absoluto e final de beleza.

Como é óbvio, a nossa criatividade imaginativa também foi afetada e manchada pelo pecado. Desse modo, o produto de nosso trabalho também refletirá essencialmente essa nossa condição.

Se a nossa maneira de ver a realidade foi transtornada, e o real também sofreu os efeitos do pecado, as nossas projeções ideais não escampam desses condicionantes que nos conduzirão, quando muito, a uma perspectiva unilateral e solitária da realidade e de seu significado: otimismo ou desespero. Em alguns casos, talvez, ao não otimismo absoluto e ao não desespero radical. Contudo, tais posturas, por razões equivocadas. Certamente pela confiança em algo que o homem possa produzir.

Como cristãos, sabemos da influência ainda sobrevivente do pecado sobre nós e sobre tudo o que elaboramos. Dessa forma, desejosos de glorificar a Deus naquilo que fazemos, reconhecendo o senhorio de Cristo sobre todas as coisas, devemos submeter com alegria  a nossa habilidade de criar e recriar ao domínio de nosso Senhor. Desse modo, o nosso trabalho deve ser sempre uma expressão de culto a Deus por meio uso dos talentos que Ele mesmo nos confiou.

 

Razões para criar?

Eu não preciso necessariamente de um motivo a mais para criar. A minha criação poderá ser bela em sua temática e composição. Não preciso de justificativa ulterior. Criamos porque Deus nos criou com esta capacidade. Devemos, portanto, apreciar uma bela obra de arte com gratidão em nossos corações por saber que isso, que alegra a nossa vida, foi propiciada por Deus.[12] Assim, o algo mais pode ser altamente estimulante e necessário, contudo estará sempre numa escala secundária.

Posso compor uma música simplesmente para expressar a minha fé em meio às angústias e incertezas da vida cotidiana, retratar a beleza do amor entre um homem e uma mulher (que deve refletir o amor de Deus por sua Igreja [Ef 5.25]), ou, ainda, fazer um poema que descreva a dor da saudade ou a esperança de um reencontro. Nessas expressões, revelo a minha condição de criatura que ama, sofre, deseja e tem expectativas. Nenhum desses sentimentos é-nos estranho; afinal, somos homens finitos, limitados, vivendo no tempo, na condição de pecadores.

Ainda que nem tudo que produzamos seja uma expressão pecaminosa, é, sem dúvida, uma manifestação de nossa maravilhosamente complexa finitude, da condição humana.[13] Daí, talvez, o desejo implícito de que nossa arte permaneça. Há o “pressentimento de imortalidade”, que se manifesta no desejo e esperança de que a nossa produção seja vista, lida, ouvida, admirada e interpretada também em nossa posteridade.

A arte, dessa maneira, é uma expressão de percepção de mundo. Toda arte é interpretativa, refletindo, assim, a minha percepção do mundo; a minha essência e aminha existência. Portanto, essa percepção está longe de ser neutra.[14]

Por isso, toda arte é existencial e axiológica. Aqui temos um ponto final. Contudo se pessoas são levadas a Cristo por meio dessa música, desse quadro ou daquela poesia, não torna a minha arte melhor ou pior. Isso, ainda que relevante, não muda a essência do que fiz (qualidade), do princípio que me orientou (a Palavra) e do seu objetivo final que é glorificar a Deus. Há sempre o perigo de sermos pragmáticos, apesar de cheios de boas intenções.

Deus pode se valer de um jumento, contudo nem por isso devo me inspirar nesse animal criado por Deus, como meio de expressão de minha natureza, ainda que Deus também o empregue para demonstrar a nossa insanidade espiritual (Is 1.3/Sl 32.9/Jr 8.7).

Conforme já citamos, Deus se vale do boi e do jumento para mostrar  que a obtusidade, a teimosia e a dificuldade de condução desses animais dão-se pela sua própria natureza. O jumento e o boi agem conforme as suas próprias estruturas criadas por Deus. Eles são o seu corpo. Isso determina todo o seu agir. A despeito disso, eles reconhecem os seus donos; aqueles que lhes alimentam.

Contraditoriamente, o homem, criado à imagem e semelhança de Deus, com a Queda, perdeu totalmente o seu discernimento espiritual e não mais reconhece o seu Criador; rompemos com Ele seguindo em direção oposta.

Paulo diz que a nossa nova criação espiritual levada a efeito por Deus é uma obra de arte. O homem é a obra-prima de Deus[15] e os salvos têm o seu “homem interior” criado de novo em Cristo Jesus: “Pois somos feitura (poi/hma = “obra de arte”)[16] dele, criados (kti/zw)[17] em Cristo Jesus para as boas (a)gaqo/j) obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10).

Somos filhos de Deus, criados não por qualquer um, mas, pelo próprio Deus (Sl 100.3). Deus nos recria tendo a Cristo, o Deus Encarnado, como modelo. Ele assim o fez para que caminhemos nas boas obras preparadas de antemão, as quais, devido às nossas limitações, nem sempre nos parecerão belas, contudo foram ordenadas por Deus. Os caminhos propostos pela sabedoria de Deus são belos (Pv 3.17).[18] A grande beleza estética na vida do homem está em obedecer a Deus, seguindo os seus caminhos! A bem aventurança está em seguir o caminho dos justos. Jesus Cristo é o Justo; o modelo de obediência e glorificação do Pai (Jo 17.4).

Com base no texto de Efésios, podemos dizer que o homem é o mais belo poema de Deus, criado em Cristo Jesus nosso Senhor! O nosso novo nascimento deve nos conduzir a uma maior sensibilidade para com a beleza da Criação de Deus. Contudo a fé cristã não se expressa em mero culto à beleza, antes, em adoração ao Deus criador de todas as coisas.

Deus, como fonte de toda beleza, exercita a arte em toda a sua Criação. O que Schaeffer (1912-1984)  diz a respeito dos Alpes suíços, nós, brasileiros, poderíamos falar com muito maior propriedade a respeito das belezas diversificadas de nossa terra: “Vá aos Alpes e observe as montanhas cobertas de neve. Não há como contestar. Deus se interessa por beleza. Ele fez as pessoas para serem belas e a beleza tem seu lugar na adoração a Deus”.[19]

Assim sendo, ainda que a Bíblia não seja um livro que trate de teoria estética, oferece-nos parâmetros para avaliar o sentido de arte e o seu propósito.[20]

 

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa

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[1]4 Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. 5 Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o Senhor, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem 6 e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos” (Êx 20.4-6).

[2]Como por exemplo, Gombrich (1909-2001): “Na realidade, a Lei judaica proibiu a realização de imagens por temor à idolatria” (E.H. Gombrich, A História da Arte, 16. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora, 1999, p. 127).

[3] H.G. Stigers, Arte, Artes: In: Merrill C. Tenney, org. ger. Enciclopédia da Bíblia, São Paulo: Cultura Cristã, 2008, v. 1, [p. 509-522], p. 513. Na mesma linha escreveu Schaeffer: “A Bíblia não proíbe a confecção de arte figurativa e sim sua adoração. Só Deus deve ser adorado. Portanto, o mandamento não é contra a arte, mas contra a adoração a qualquer coisa além de Deus e, especificamente, contra a adoração à arte. Adorar a arte é um erro; produzi-la, não” (Francis A. Schaeffer, A Arte e a Bíblia, Viçosa, MG.: Editora Ultimato, 2010, p. 20). À frente: “Não é a existência da arte figurativa que é errada, mas o seu uso incorreto” (p. 30).

[4]“Na verdade, há um espírito no homem, e o sopro do Todo-Poderoso o faz sábio” (Jó 32.8). “Mas ninguém diz: Onde está Deus, que me fez, que inspira canções de louvor durante a noite, que nos ensina mais do que aos animais da terra e nos faz mais sábios do que as aves dos céus?” (Jó 35.10-11). 2 Eis que chamei pelo nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, 3 e o enchi do Espírito de Deus, de habilidade, de inteligência e de conhecimento, em todo artifício, 4 para elaborar desenhos e trabalhar em ouro, em prata, em bronze, 5 para lapidação de pedras de engaste, para entalho de madeira, para toda sorte de lavores. 6 Eis que lhe dei por companheiro Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã; e dei habilidade a todos os homens hábeis, para que me façam tudo o que tenho ordenado(Êx 31.2-6). 31 e o Espírito de Deus o encheu de habilidade, inteligência e conhecimento em todo artifício, 32 e para elaborar desenhos e trabalhar em ouro, em prata, em bronze, 33 e para lapidação de pedras de engaste, e para entalho de madeira, e para toda sorte de lavores. 34 Também lhe dispôs o coração para ensinar a outrem, a ele e a Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã. 35 Encheu-os de habilidade para fazer toda obra de mestre, até a mais engenhosa, e a do bordador em estofo azul, em púrpura, em carmesim e em linho fino, e a do tecelão, sim, toda sorte de obra e a elaborar desenhos(Êx 35.31-35). 17 Então, descerei e ali falarei contigo; tirarei do Espírito que está sobre ti e o porei sobre eles; e contigo levarão a carga do povo, para que não a leves tu somente. (…) 25 Então, o Senhor desceu na nuvem e lhe falou; e, tirando do Espírito que estava sobre ele, o pôs sobre aqueles setenta anciãos; quando o Espírito repousou sobre eles, profetizaram; mas, depois, nunca mais. 26 Porém, no arraial, ficaram dois homens; um se chamava Eldade, e o outro, Medade. Repousou sobre eles o Espírito, porquanto estavam entre os inscritos, ainda que não saíram à tenda; e profetizavam no arraial. 27 Então, correu um moço, e o anunciou a Moisés, e disse: Eldade e Medade profetizam no arraial. 28 Josué, filho de Num, servidor de Moisés, um dos seus escolhidos, respondeu e disse: Moisés, meu senhor, proíbe-lho. 29 Porém Moisés lhe disse: Tens tu ciúmes por mim? Tomara todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o seu Espírito! (Nm 11.17,25-29). Josué, filho de Num, estava cheio do espírito de sabedoria, porquanto Moisés impôs sobre ele as mãos; assim, os filhos de Israel lhe deram ouvidos e fizeram como o Senhor ordenara a Moisés” (Dt 34.9).

[5]Sinclair B. Ferguson, O Espírito Santo, São Paulo: Editora Os Puritanos, 2000, p. 26. “Deus quis que a vocação artística fosse exercida como um aproveitamento obediente e edificante de matérias, sons, formas, paisagens, palavras, gestos e outras coisas semelhantes que Ele colocou sob os cuidados dos homens e das mulheres” (C.G. Seerveld, Arte Cristã: In: Walter A. Elwell, ed. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, São Paulo: Vida Nova, 1988-1990, v. 1, [p. 120-125], p. 121).

[6]Veja-se: Henry R. Van Til, O Conceito Calvinista de Cultura, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 127-129.

[7]Diógenes Allen; Eric Springsted, Filosofia para entender Teologia,  3. ed.  Santo André, SP.; São Paulo: Academia Cristã; Paulus, 2010, p. 25-26. Calvino, escrevera: “Ora, visto que a majestade de Deus, em si mesma, vai além da capacidade humana de entendimento e não pode ser compreendida por ela, devemos adorar sua grandiosidade em vez de investigá-la, a fim de não permanecermos extasiados por tão grande esplendor. Assim, devemos buscar e considerar Deus em suas obras, que as Escrituras chamam de representações das coisas invisíveis (Rm 1.20; Hb 11.1), visto que estas obras representam, para nós, aquilo do Senhor que de outra forma não podemos ver. Ora, isso não mantém nosso espírito suspenso no ar através de especulações frívolas e vãs, mas é algo que devemos conhecer e que gera, nutre e confirma em nós uma piedade verdadeira e sólida, ou seja, uma fé unida ao temor reverente” (João Calvino,  Instrução na Fé, Goiânia, GO: Logos Editora, 2003, Cap. 3, p. 13).

[8]“Pois se homens e anjos juntassem sua eloquência em função deste tema, ainda assim tocariam mui diminutamente em sua imensurabilidade” (João Calvino, Efésios, São Paulo: Paracletos, 1998, (Ef 1.14), p. 39).

[9]Veja-se: João Calvino, Romanos, 2. ed. São Paulo: Parakletos, 2001, (Rm 11.36), p. 430.

[10]Veja-se: Abraham Kuyper, Sabedoria e prodígios: graça comum na ciência e na arte, Brasília, DF.: Monergismo, 2018, p. 139.

[11]“…. A beleza não é produto de nossa própria fantasia, nem de nossa percepção subjetiva, mas tem uma existência objetiva, sendo ela mesma a expressão de uma perfeição Divina” (Abraham Kuyper, Calvinismo, São Paulo: Cultura Cristã, 2002, p. 164). Vejam também: A. Kuyper, Sabedoria e prodígios: graça comum na ciência e na arte, Brasília, DF.: Monergismo, 2018, p. 121ss.; 137ss.; Gene Veith, Jr.,  State of the arts: From Bezalel to Mapplethorpe, Wheaton, Illinois: Crossway Books, 1991, p. 145-161. É sugestivo o tratamento dado à questão da imitação em Aristóteles, conforme pontua Gilson (E. Gilson, Introdução às artes do Belo – O que é filosofar sobre a arte? São Paulo: É Realizações, 2010, p. 85ss.).

[12] Veja-se: H.R. Rookmaaker, A Arte Moderna e a morte de uma cultura, Viçosa, MG.: Ultimato, 2015, p. 244ss.

[13] “Estou convencido de que uma das grandes fraquezas na pregação evangélica nos últimos anos é que nós perdemos de vista o fato bíblico de que o homem é maravilhoso. (…) O homem está realmente perdido, mas isso não significa que ele não é nada. Nós temos que resistir ao humanismo, mas classificar o homem como um zero não é o caminho certo para resistir a ele. Você pode enfatizar que o homem está totalmente perdido e ainda ter a resposta bíblica de que o homem é realmente grande. (…) Do ponto de vista bíblico, o homem está perdido, mas é grande” (Francis A. Schaeffer, Morte na Cidade, São Paulo: Cultura Cristã, 2003, p. 60,61). “Jamais estaremos em condições de tratar as pessoas como seres humanos, de atribuir a elas o mais alto nível de humanidade verdadeira, a menos que realmente conheçamos a sua origem – quem essas pessoas são. Deus diz ao homem quem ele é. Deus nos diz que Ele criou o homem à sua imagem. Portanto, o homem é algo maravilhoso. (…) A Bíblia diz que você é maravilhoso porque foi feito à imagem e semelhança de Deus, mas que você é imperfeito, porque em certo espaço-temporal da História, o homem caiu” (Francis A. Schaeffer, A Morte da razão, São Paulo: Cultura Cristã, 2002, p. 34).

[14] Veja-se: H.R. Rookmaaker, A Arte Moderna e a morte de uma cultura, Viçosa, MG.: Ultimato, 2015, p. 243, 252.

[15]Prefácio de Calvino à tradução do Novo Testamento feita por Pierre Olivétan. In: Eduardo Galasso Faria, ed. João Calvino: Textos Escolhidos, São Paulo: Pendão Real, 2008, p. 14. W. Shakespeare, Hamlet, São Paulo: Abril Cultural, (Obras Primas), 1978, II.2.

[16] Poi/hma, quer dizer “o que é feito”, “obra”, “criação”, “obra-prima”, “obra de arte”, especialmente um produto poético. O nome da obra de Aristóteles (384-322 a.C.) que foi traduzida para o português com o título de “Poética”, em grego, intitula-se, Peri poihtikh/j. Aliás, são estas as palavras com as quais Aristóteles inicia a sua obra. (Vejam-se entre outros: F.F. Bruce, The Epistle to the Ephesians, a Verse-by-verse Exposition, London: Pickering & Inglis, 1961, in loc; M. Barth, The Anchor Bible: Ephesians, Garden City, New York: Doubleday, 1974, v. 1, in loc; Poi/hma: In: William F. Arndt; F.W. Gingrich, A Greek-English Lexicon of the New Testament and Other Early Christian Literature, 2. ed. Chicago: University Press, 1979, p. 689; Poi/hma: A Lexicon Abridged from Liddell and Scott’s Greek-English Lexicon, London: Clarendon Press, 1935, p. 568). Para um estudo mais detalhado do verbo poie/w e de seus cognatos, vejam-se: H. Braun, poie/w: In: G. Kittel; G. Friedrich, eds. Theological Dictionary of the New Testament, v. 6, p. 458-484; C. F. Thiele, Trabalhar: In: Colin Brown, ed. ger. O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, v. 4, p. 649-652.

[17] Kti/zw, indica uma nova criação de Deus efetuada em Cristo (* Mc 13.19; Rm 1.25; 1Co 11.9; Ef 2.10,15; 3.9; 4.24; Cl 1.16 (2 vezes); 3.10; 1Ts 4.3; Ap 4.11; 10.6). Nesta palavra, como bem observa Lenski, temos o equivalente ao verbo hebraico )frfB, “chamar à existência do nada” (R.C.H. Lenski, The Interpretation of St. Paul´s Epistles to the Ephesians, Peabody, Massachusetts: Hendrickson Publishers, 1998, p. 425). Para um estudo mais detalhado, vejam-se: W. Foerster, kti/zw: In: G. Kittel; G. Friedrich, eds. Theological Dictionary of the New Testament,  v. 3, p. 1000-1035; H.H. Esser, Criação: In: Colin Brown, ed. ger. O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, v. 1, p. 536-544.

[18]“Os seus caminhos são caminhos deliciosos (~[;nO) (no`am) (= belos, amáveis), e todas as suas veredas, paz” (Pv 3.17).

[19]Francis A. Schaeffer, A Arte e a Bíblia, Viçosa, MG.: Editora Ultimato, 2010, p. 25.

[20] Cf. Michael S. Horton, O Cristianismo e a Cultura, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1998, p. 75ss.

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