Teodoro de Beza nasceu na baixa nobreza da França e recebeu uma excelente educação ali em preparação para sua carreira como advogado. Na boa providência de Deus, aos nove anos de idade foi enviado para estudar com Melchior Wolmar, um luterano alemão, que não só lhe ensinou grego e latim, mas também ensinou Beza acerca de Cristo. Beza disse sobre o início da tutela de Wolmar que foi “o começo de todas as coisas boas que recebi daquele momento em diante e que espero receber daqui em diante em minha vida futura”.
Co-piloto de Calvino
Depois de completar sua educação, porém, Beza levou uma vida dissoluta em Paris por cerca de uma década até ficar acamado e perto da morte por um tempo. Então, em 1548, Deus o trouxe de volta aos seus sentidos. Beza voltou ao seu compromisso com Jesus e fugiu da França pela causa reformada na Suíça. Ele começou a ensinar pastores em Lausanne e, em 1558, foi chamado a Genebra para servir na supervisão de João Calvino. Beza e Calvino desenvolveram um vínculo estreito nos últimos anos da vida de Calvino. Calvino escreveu que se importava “profundamente com Beza, que me ama mais do que um irmão e me honra mais do que um pai”.
Além de algumas viagens fora da cidade-estado suíça, Beza passou o resto de sua vida em Genebra – muitas vezes em condições difíceis. Ele nunca tinha certeza se os católicos invadiriam a cidade e massacrariam seus habitantes, e teve que lutar contra a crescente onda de polêmicas luteranas contra os protestantes reformados.
O defensor de Genebra
Beza deixou sua marca na Reforma de várias maneiras. Primeiro, sobre ele recaiu o fardo da liderança da Reforma de Genebra depois que Calvino morreu em 1564. Nos quarenta anos seguintes, Beza atuou como pastor e professor, viajou para a França para ajudar os protestantes sitiados no país e debateu com católicos e luteranos.
João Calvino foi, sem dúvida, o pai do calvinismo, mas Beza pode muito bem ter sido o primeiro calvinista. Ele também deu forma ao que hoje chamamos de calvinismo, explicando e defendendo as doutrinas bíblicas que Calvino havia redescoberto. Por meio de seu ministério de ensino e escrita, Beza defendeu a imputação da justiça de Cristo como essencial para a justificação de um pecador, explicou a justiça da dupla predestinação e expôs o conforto que um crente recebe da expiação definida de Cristo.
Além de sua liderança pastoral, Beza deu à jovem igreja reformada de língua francesa a literatura necessária para ajudar em seu crescimento. Durante sua vida, Beza foi mais conhecido por seu trabalho no Novo Testamento, culminando na obra Annotations of the New Testament (Anotações do Novo Testamento). Esta obra-prima linguística incluía o texto grego do Novo Testamento, a tradução latina da Vulgata e a tradução latina original de Beza. Beza acrescentou suas notas de rodapé textuais e notas explicativas, demonstrando que a fé reformada era distintamente bíblica. Suas anotações nesta obra influenciaram a tradução da Bíblia em inglês de 1560, a Bíblia de Genebra, que se tornou a tradução da Bíblia mais popular entre os puritanos. O texto grego publicado por Beza foi o usado pelos tradutores da Bíblia King James de 1611.
Sob a poderosa mão de Deus
Beza herdou a visão bíblica de Calvino da doce soberania de Deus sobre todos os assuntos da vida humana. Após a morte de Calvino, Beza viveu tempos tumultuados, passando por provações que o forçariam a confiar em seu Senhor. Em 1587, por exemplo, quando parecia que Genebra estava prestes a ser invadida por católicos, Beza encorajou sua congregação a confiar na bondosa providência de seu Pai celestial:
“Esta doutrina é cheia de excelente conforto. Pois assim entendemos que, pelo poder de nosso Deus, a ira daquele leão faminto é diminuída e refreada, e que Deus nunca permitirá que ele faça nada contra seus filhos, que não seja para o bem e proveito deles, como o apóstolo nos diz (Romanos 8.28) e também nos ensina por seu próprio exemplo (2 Coríntios 12.17).”
De fato, ele disse a seus ouvintes que nossa única esperança é que nosso Deus seja soberano — tão soberano que ele possa nos salvar de nossos pecados quando estivermos totalmente mortos espiritualmente:
“Não há em nossa natureza nada além da rebelião mais desesperada e obstinada, até que o Espírito de Deus afaste, primeiro, as trevas de nosso entendimento, que não pode, nem quer por si mesmo, tanto quanto pensar nas coisas de Deus (2 Coríntios 3.5) e que, em segundo lugar, corrija a ousadia de nossa vontade, que é inimiga de Deus e de tudo o que é verdadeiramente bom (Romanos 5.10 e 8.7).”
Beza viu que, porque Deus reina e tem todo o poder, os cristãos podem esperar em sua bondade tanto para salvá-los quanto para protegê-los através dos perigos de sua peregrinação terrena.