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Crianças do Reino de Deus
Então disse Jesus: “Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas”. Mateus 19.14 (NVI)
Na minha família temos o hábito de fazer festas no Dia das Crianças. Lembro de ser criança e ir para a casa dos meus tios, ver todos os meus parentes, comer algo deliciosamente preparado pela minha avó e ver todo mundo conversando, jogando cartas e rindo.
Ser criança naquela época parecia ser tão simples e delicioso que eu nunca quis sair dessa fase: uma fase sem preocupações, uma fase com perdão rápido e abraços longos. Porém, conforme crescemos a gente parece esquecer como se comportar como crianças, isso por que muitas vezes associamos “ser criança” com algo terrível, com pirraça e barganhas exaustastes que também são realidade de muitas famílias. Mas estou aqui hoje para falar de outro lado do ser criança que nós, cristãos, precisamos preservar: ser pequeninos do Reino.
Em Mateus 19 vemos algo lindo acontecendo, pais levam seus filhos para serem abençoados por Cristo. E nosso bondoso Salvador, em vez de repudiá-las, pede que as tragam mais para perto de diz: “O Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas”.
Aqui eu consigo imaginar Jesus olhando para os olhos da multidão, para a mãe magoada, para a adolescente insegura, para o homem traidor, para o jovem ladrão, para a família destruída e dizendo coisas diferentes para cada um deles.
A adolescente insegura
Existem fases da infância em que tudo que queremos é um abraço de aceitação dos nossos pais, queremos nos sentir válidos, preciosos, reconhecidos e amados. Infelizmente, muitos não conhecem esse sentimento e se o conhecem é de forma quebrada e apodrecida pelo pecado.
Mas o que Jesus faz aqui é abraçar a adolescente insegura, cheia de medos, desejosa para ser amada e preenchida por algo que nunca quebre e dizer: “venha a mim e eu nunca te abandonarei”.
Uma das melhores sensações da vida é poder rir, chorar e se alegrar sem ter medo do que vão pensar de você, Jesus é essa pessoa. Ele é a pessoa que vai me abraçar nas dificuldades, que vai rir comigo enquanto eu converso com alguém no telefone, que vai sentar ao meu lado enquanto eu oro pelos meus amigos, que vai me ajudar a respirar fundo e encarar as dificuldades dos meus dias: seja uma prova, uma tentação ou mais uma das inseguranças de infância. Jesus é aquele que vai te buscar no mais ermo dos lugares, Ele é aquele que vai fazer com que você se sinta seguro e compreendido, mas ao mesmo tempo impulsiona-lo-á a não se conformar com os seus pecados e mudar seus atitudes.
Jesus é o único que, não importa o momento, não vai te abandonar. Isso é uma promessa:
“Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Rm 8.38,39 NVI)
O homem traidor
Pedro traiu Jesus pouco antes do sacrifício de Cruz. Imagine como Pedro se sentiu quando percebeu o que havia feito, imagine a culpa remoendo as entranhas do impetuoso discípulo e a forma como uma vozinha constantemente repetia em sua cabeça: “você sabia que ia estragar tudo!”. Judas traiu Cristo entregando-o aos fariseus e sacerdotes que o perseguiam, mas Pedro também o traiu negando-o três vezes.
O mais lindo é que, antes de voltar aos céus, Jesus conversar com Pedro e diz que o ama! Agora imagine a confusão interior de Pedro: o traidor sendo perdoado.
Nunca conheci um ser tão capaz de brigar pelo que quer como uma criança, mas o interessante (e falo por experiência) é que quando uma criança briga com um amiguinho, não se passa nem cinco minutos antes deles estarem brincando de novo. Perdemos essa capacidade de perdoar facilmente que as crianças têm.
O que Jesus faz a Pedro, e a nós também, é ensinar que o perdão vem muitas vezes imerecido pelo perdoado. Ele nos ensina que precisamos perdoar aqueles que nos magoaram e que nos fizeram mal, como as crianças fazem. E eu sei que existem situações complicadíssimas nas quais o perdão vai precisar ser feito interiormente primeiro para que a ferida pare de arder e de crescer. Eu sei que muitas vezes o perdão vai demorar para vir porque a magnitude da traição foi gigantesca, mas ainda sim temos uma missão aqui: perdoar como crianças.
A família destruída
Não preciso introduzir números aqui para você concordar comigo que o índice de divórcios, de violência doméstica e abusos cresceu muito nos últimos anos. Essa realidade corta o coração de crianças que sofreram direta e indiretamente com uma família destruída pela ruína do pecado.
Crianças precisam de um ambiente em que se sintam aceitas e se não há isso em casa, onde vão encontrar? É aqui que eu consigo imaginar Jesus sorrindo como um pai que vai explicar ao filho porque o céu é azul. Ele sorri paternalmente e nos ensina que nossa família aqui pode estar destruída, mas temos outra família. Uma família de pessoa que tiveram a vida transformadas pela cruz e que continuam buscando a Deus intensamente.
São pessoas diferentes, de todos os contextos, mas que amam a Deus e vão te acolher. Por que isso é ser Igreja. Crianças têm a capacidade incrível de acolher amiguinhos e de conversar com tanta facilidade que me assusta. Dentro da Igreja somos chamados para sermos essas crianças: as que quebram os muros da separação e unem gerações pelo amor de Cristo.
“Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio.” (Efésios 2.13,14 ACF)
E claro, quando Cristo passa a reinar em sua vida, isso vai invadir todas as esferas de sua vida. Espero, ansiosamente, que sua família terrena seja reconstruída e sarada pelo sangue de Cristo. Enquanto isso, você nunca estará sozinho porque você faz parte de ramos enxertados na Videira.
Sendo crianças no Reino
Vimos que as crianças são seres incríveis e precisamos voltar a ser como elas. Ainda há uma pulga na sua orelha: “Como é possível que o Reino dos céus pertençam a crianças??”
O que Cristo quer dizer aqui é que o Reino dos Céus é para os pacificadores, para os inconformados, para os perdoadores. É para os pequeninos que se colocam aos pés da cruz na vulnerabilidade de ser filho de um grandioso Pai. O Reino dos Céus é para as crianças que são louca e incondicionalmente apaixonados por Cristo, é para aquelas que encontraram um Pai amoroso.
Somos chamados a ser crianças! Hoje, no Dia das Crianças, reveja as fotos de uma boa época, converse com seus amigos, jogue cartas. Pense em como você, uma criança de Deus, pode trazer o Reino mais para perto dos seus irmãos que não O conhecem.
E nunca esqueça: continue amando a Cristo como uma criança.