Nota do editor: Este é o décimo sexto de 17 capítulos da série da revista Tabletalk: Cristianismo e liberalismo.
Quando começamos a pensar sobre evangelismo, há várias coisas em que devemos acreditar se quisermos ter sucesso. Primeiro, precisamos acreditar no sobrenatural. Vivemos diante de um mundo invisível. O cristianismo é uma religião sobrenatural. Ganhar almas é um trabalho sobrenatural. Ganhar almas é uma obra sobrenatural do Espírito Santo. Ao ganhar almas, Deus usa indivíduos como instrumentos, porém continua sendo obra de Deus do começo ao fim. Por ser obra de Deus, podemos ter certeza de que, ao trabalharmos na tarefa de evangelização, Deus levará outros ao conhecimento salvador de Cristo.
Segundo, devemos acreditar no poder de Deus. Muitas vezes, quando falamos com outras pessoas, percebemos o quão perdidos homens e mulheres estão. Chamamos essa verdade de “depravação total”, o que significa que o pecado afetou todos os aspectos da vida das pessoas. Estão realmente mortos em seus “delitos e pecados” (Ef 2:1-3). Apenas pelo poder de Deus Todo-Poderoso essas pessoas podem ser trazidas à vida. “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, pela graça sois salvos” (vv. 4-5). Para nós é impossível, mas para Deus é possível.
Terceiro, devemos crer no evangelho. O mundo é um lugar miserável. Somente as boas novas de Jesus Cristo mudarão essa situação. O apóstolo Paulo declara aos coríntios: “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2 Co 5:17). Como cristãos, temos a resposta para a situação dos homens e das nações no evangelho de Jesus Cristo.
Quarto, devemos ter paixão pela glória de Deus e pela salvação dos homens. Paulo lembra aos cristãos colossenses que Deus lhes fez conhecer “a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória” (Cl 1:27). Paulo estava disposto a se tornar tudo para com todos, para que por todos os meios pudesse ganhar alguns (1 Co 9:22).
Ao perceber que o evangelho que proclamamos é escandaloso para os judeus e loucura para os gentios, devemos ser sábios em nosso esforço de persuadir as pessoas (Pv 11:30). Desafiamos o incrédulo no nível intelectual, pois o conhecimento sem Cristo é vaidade. Religiosamente, sua adoração é idolatria e, socialmente, Jesus afirmou: “Não penseis que vim trazer paz à terra” (Mt 10:34). O custo de seguir Jesus é a entrega total da vida.
Como diz Provérbios 11:30, aqueles que desejam ganhar almas devem ser sábios. Dois erros a serem evitados são dar muita ênfase à perspicácia intelectual, dizer que apenas indivíduos profissionalmente treinados podem fazer evangelismo e afirmar que nenhum raciocínio é necessário, pois a obra de evangelização é obra divina. Paulo lembra Timóteo de se apresentar “a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Tm 2:15). Aos Colossenses, Paulo escreve: “O qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo; para isso é que eu também me afadigo, esforçando-me o mais possível, segundo a sua eficácia que opera eficientemente em mim” (Cl 1:28-29).
Para sermos sábios na evangelização, devemos focar em duas áreas: em nós mesmos e em nossa mensagem. Pedro diz às igrejas da Ásia Menor que, uma vez que seriam testemunhas da esperança do evangelho, deveriam honrar ou santificar a Cristo em seus corações, e então estariam prontas para dar uma resposta pela esperança que há nelas (1 Pe 3:15), a esperança que se manifesta quando alguém crê nas boas novas de Jesus Cristo.
Para honrar a Cristo em nossos corações, primeiro devemos ser fiéis. Paulo escreve aos Coríntios que ele, como apóstolo, tem “o mesmo espírito da fé” para crer no evangelho e que, ao crer, ele fala “a graça, multiplicando-se, torne abundantes as ações de graças por meio de muitos, para glória de Deus” (2 Co 4:15). Para comunicar as boas novas de forma eficaz, as realidades do evangelho devem ser vistas em nós, não apenas a fé no evangelho em si, mas também a fé operando em nós como o instrumento que Deus usa.
Segundo, devemos ser humildes. Outra vez, Paulo lembra Timóteo da graça dada a ele como o principal dos pecadores: “Me foi concedida misericórdia, para que, em mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna” (1 Tm 1:16).
Terceiro, precisamos ser ousados. Paulo pede aos efésios que orem para que Deus lhe dê ousadia para que ele possa proclamar a verdade como deveria falar. Seu objetivo era que, com um coração puro, uma boa consciência e uma fé sincera, a mensagem do evangelho fosse eficaz para aqueles que o ouvissem (1 Tm 1:5).
Quarto, devemos ter uma paciência alegre. Duas vezes em 2 Coríntios 4, Paulo nos indica: “Não desanimamos” (vv. 1, 16). Evangelizar exige destreza e paciência, porém o fazemos com a alegre expectativa de que Deus tirará Seus eleitos das trevas e os levará para Sua maravilhosa luz.
A mensagem que proclamamos é a mensagem de Deus. Devemos ter “a mente de Cristo” (1 Co 2:16). Nossa compreensão da mensagem é resultado de estudo cuidadoso das Escrituras, enquanto pedimos a Deus que nos dê sabedoria (Tg 1:5). Mas nossa necessidade de sabedoria requer mais. Precisamos de sabedoria para explicar o evangelho àqueles que são hostis ou estão em inimizade contra Deus. Nossa apresentação do evangelho deve comunicar com precisão e clareza a verdade como ela é em Cristo. Paulo proclamou as boas novas de “Jesus Cristo e este crucificado” (1 Co 2:2), isto é, a pessoa e a obra de Jesus Cristo. Ao fazermos nossa evangelização, que nossa mensagem seja esta, e Deus nos dará a sabedoria celestial necessária para ganhar almas.
Este artigo foi publicado originalmente na TableTalk Magazine.