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Os propósitos da eleição
Assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado (Efésios 1.4-6 – ARA)
Paulo apresenta dois propósitos pelos quais Deus elegeu alguns para ser seu povo. O primeiro propósito é salvífico (v.4-5), isto é, salvador. A eleição de Deus tem como fim imediato a salvação do povo que ele escolheu. Deus nos escolheu para sermos santos e irrepreensíveis perante ele, bem como para nos adotar em sua família. É uma eleição para adoção e santificação. Em outras palavras, Deus nos elegeu para nos receber na sua família como filhos adotivos, e trabalhar em nós a santificação.
A santificação requerida dos eleitos é um fato curioso. Ele mesmo nos elegeu, e ele mesmo fará isso em nós. Ele já nos santificou em Cristo (santificação definitiva) e continua nos santificando (santificação progressiva). Como eleitos de Deus, “já” somos santos, mas “ainda não” plenamente. E como propósito imediato da eleição, Deus zela pela nossa santificação.
Isso aponta para duas coisas: a primeira é que a santificação é o lado visível da eleição. Isto é, se alguém diz ser eleito deve mostrar isso por meio de suas obras.
A segunda coisa que isso mostra, é que neste lado do céu se requer a santificação do eleito, mas não a sua perfeição. Isso deve nos levar a olhar com simpatia aos erros de um irmão; cuidando de ajudá-lo com brada compaixão. Estamos todos no processo de santificação. E a boa notícia é que Deus se comprometeu no Pacto da Redenção em nos tornar “santos e irrepreensíveis diante dele”.
O segundo propósito da eleição é doxológico (v.6), isto é glorificador.
Aqui aprendemos que a coisa principal da eleição não é meramente que os eleitos sejam salvos, mas que Deus seja glorificado. A glória de Deus é o fim principal da eleição. A salvação dos eleitos é um instrumento para o louvor da glória da graça de Deus. “A coisa principal não é que os eleitos sejam salvos, mas que Deus seja justificado em todas as suas obras e glorificado no juízo” (Kuyper, Abraham. The Work of the Holy Spirit, p. 10).
Paulo coloca dessa maneira em Romanos 9.23: “a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão”.
Olhar para o fim último da eleição amplia o nosso horizonte espiritual. Ela nos dá uma visão teocêntrica da salvação, e não antropocêntrica. Deus não nos elegeu para salvação porque precisa de nós; nós é que precisamos dele. Ele não é um Deus solitário; ele vive numa eterna relação intratrinitária.
Aqui se acha o Soli Deo Gloria que os eleitos devem dar a Deus pela sua eleição (Rm 11.33-36). Um eleito não santo e/ou arrogante é uma contradição de termo. Nossa eleição e redenção visam a glória de Deus. Ele nos redimiu a fim de sermos expressão de sua glória.