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Atuação do Espírito Santo no mundo
Infelizmente vários conceitos errôneos sobre a atuação do Espírito Santo no mundo tem sido divulgado largamente em púlpitos, canais de Tv’s, nas mídias sociais, encontros e palestras ditas evangélicas. E nessa história existem dois extremos. De um lado do extremo estão aqueles que dizem que a atuação do Espírito Santo no mundo é apenas uma força ativa, uma espécie de energia, uma força impessoal apenas e nada mais do que isso. Do outro lado do extremo estão aqueles que defendem a ideia de que a atuação do Santo Espírito no mundo se faz perceber por meio de barulhos, gritos, pulos, calafrios, arrepios, êxtases e tantas outras manifestações. De forma prejudicial, estes extremos apresentam um ensino distorcido e bem distante do que dizem as Escrituras sobre a atuação do Espírito Santo no mundo.
Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não creem em mim; da justiça porque vou para o Pai, e não me vereis mais; do juízo porque o príncipe deste mundo já está julgado. João 16:8-11 (ARA)
O Senhor Jesus já sabendo que era chegado o final do seu ministério terreno, começa a instruir os seus discípulos sobre vários assuntos. Isto pode ser observado claramente do capítulo 13 ao 17 de João. Ele está instruindo os seus seguidores sobre a humildade (13:12-20); o novo mandamento (13:31-35); sobre o Consolador (14:16-31); a videira e os ramos (15:1-8); mais uma vez sobre a missão do Consolador (16:1-14); e por fim, a oração sacerdotal de Jesus (17:1-26). Contudo, o que mais nos interessa neste momento é falar sobre a missão do Consolador dita por Jesus no capítulo 16.
O capítulo 16 do Evangelho de João é um breve relato sobre um ensinamento e um alerta de Jesus para os seus discípulos sobre a perseguição que eles sofreriam futuramente (16:1-3), mas que era necessário os seus discípulos terem paz (16:33). Jesus então faz uma alusão a vinda e a missão do Consolador (16:8-14). Porém, os discípulos não entenderam muito bem o porquê da necessidade da iminente partida do seu Mestre (16:5,6;17,18), sendo assim Ele mostra que o seu retorno ao Pai, ou seja, a sua partida não seria em vão, pois resultaria na vinda do Consolador (16:7).
O que seria então especificamente a missão do Consolador no mundo de acordo com as palavras de Jesus de que o Espírito Santo convenceria o mundo do pecado, da justiça e do juízo?
Convence o mundo do pecado
Convence o mundo da justiça
O texto continua falando sobre a vinda do Espírito Santo dizendo que quando ele vier, convencerá o mundo da justiça porque Jesus iria para o Pai. A “justiça” aqui falada, no primeiro sentido da palavra, projeta a retidão/moral pessoal de Cristo. Precisamos entender que os judeus tiveram-no como um homem mau, disseram ser ele um pecador, e um amigo de publicanos e pecadores; que ele era culpado de blasfêmia e sedição, pois mantinha uma familiaridade com Satanás, sim, que ele tinha um demônio. Agora o Espírito de Deus, pela boca de Pedro, no dia de Pentecostes, provou, para a convicção dos judeus, que tudo isso era uma difamação; que Cristo era um homem inocente, uma pessoa santa, e íntegra, e um homem aprovado por Deus entre eles, como eles estavam conscientes (At 2:22).
A descida do Espírito Santo sendo derramado na vida dos discípulos daquela maneira extraordinária, mostrou que ele tinha, de fato, ido para o Pai, e tinha recebido dele a promessa do Espírito Santo, que ele derramou então sobre eles, prova que Ele, segundo como se relatava entre os judeus, Ele não era nenhum impostor e que Ele estava livre de toda e qualquer acusação injusta que os judeus, tão desesperadamente, lançavam contra ele.
Esta justiça dita por Jesus aponta para a sua obra expiatória. Por meio de seu sacrifício na cruz, Jesus salvou-nos dos nossos pecados. De fato, somos como relatado pelo apóstolo Paulo “não há justo, nem um sequer, não há quem intenda, não há quem busque a Deus” (Rm 3:10).
Por meio de nossos esforços, inteligência ou sabedoria não podemos se achegar a Deus e encontrar em seus braços um refúgio e o devido perdão. A não ser pela justiça de Cristo! Ele se tornou um malfeitor em nosso lugar (Mc 15:28), Ele se fez maldito para que pudéssemos ter paz com Deus (Gl 3:3; Rm 5:1). Todos os nossos incontáveis pecados estão diante de Deus, e não haveria nada que pudesse salvar-nos.
Para ilustrar esta justiça de Cristo podemos pensar em um tribunal. Imagine agora mesmo uma cena de uma audiência, em que diante do juiz está o réu que cometeu vários crimes contra a sociedade, ele matou, roubou, sequestrou e toda sorte de crimes. Todas as provas cabíveis estão diante daquele juiz, basta apenas que ele bata o seu martelo e o condene a prisão perpétua. No entanto, no último momento, ao bater o martelo para condenar aquele indivíduo, o juiz emite a sentença: Inocente! Isso aos olhos do mais simples homem, seria considerado uma total injustiça, afinal, todas as provas estão diante daquele juiz. Você provavelmente não concordaria com este juiz não é mesmo?
Meu caro leitor, precisamos entender que este réu somos nós. É verdade! Todos os nossos pecados estão diante de Deus, o nosso supremo juiz, e merecemos nada além do que a condenação eterna pelos nossos pecados. Mas Deus nos tornou inocentes (Rm 8:1). Porém, para que não se tornasse injustiça da parte de Deus – como se de fato Deus precisasse ser pesado em uma balança e não ser achado em falta – Deus o Pai condena o seu Filho Unigênito e o faz pecador em nosso lugar, e por esta justiça, a justiça de Cristo, somos justificados diante de Deus. Ele pagou a condenação em nosso lugar, pois por meio da sua morte e ressurreição Ele se fez justiça por nós (Rm 8:30). Pois isso fica evidente que a justiça não é nossa mas de Cristo. O Santo Espírito de Deus, portanto, atua convencendo os mais vis pecadores do mundo sobre a justiça de Deus em Cristo o nosso Salvador!
Jesus continua dizendo que o Espírito Santo nos convenceria do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado. O que fica mais que provado neste texto é que o príncipe deste mundo, ou seja, o diabo e a sua milícia forma derrotados através da morte expiatória de Cristo.
Nesta passagem, fica evidente que o Espírito Santo nos convence do julgamento errado que nós fazemos ou temos formado sobre Deus. Pois nós tomamos a ideia de como sendo um como eles mesmos; de um Cristo crucificado, a quem eles estimam como tolice; das doutrinas de Cristo, que eles julgam ser absurdo e irracional; das pessoas de Cristo quem eles consideram a sujeira do mundo, e a escória de todas as coisas; dos modos e ordenações de Cristo, que é pensado como sendo doloroso, desagradável, e improdutivo; e deles mesmos, e o próprio estado deles e condição, em que eles se imaginam sendo bons, e que eles de um modo justo irão para o céu.
Para entenderem isto verdadeiramente, acreditando cordialmente, recebendo isso no seu amor: ele os convence de um julgamento futuro; da realidade e certeza disto; que será universal, alcançando a todas as pessoas e coisas; que será continuado da maneira mais íntegra, e não haverá nenhuma escapatória dele, do qual o julgamento e condenação de Satanás são uma prova clara: e ele, o Espírito Santo, convence além disso, do julgamento ou condenação; que os homens, por natureza, estão debaixo de uma sentença de condenação em Adão; que eles são responsáveis para uma condenação eterna neles; que, a menos que eles acreditem em Cristo, eles serão condenados, tão seguro quanto o príncipe deste mundo foi.
Em suma, de acordo com estas palavras de Jesus registrada no evangelho de João sobre a atuação do Espírito Santo mundo, pode ter ficado claro para alguns de nós que a obra do Santo Espírito de Deus vai além de uma simples força impessoal ativa no mundo de um lado ou de pulos, gritos, arrepios e calafrios do outro.
A obra do Espírito Santo na vida do homem é regeneradora. Ele é uma força, ele é poder, mas ele é pessoal. Ele não é chamado de isto ou aquilo mas é chamado pelo pronome pessoal ele. A ação do Espírito Santo na vida do homem é trazer uma nova vida e uma vida cheia de frutos de amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Sua atuação na vida do homem é consolar e interceder.
O Espírito Santo como entendia Calvino é “que para nós, não há nenhum outro guia e líder para o Pai senão o Espírito Santo, justamente como não há outro caminho fora de Cristo” (Calvino 2018). Portanto, para Calvino, o Espírito Santo atua como o nosso líder e guia para o caminho que é Jesus. Ele não veio para chamar a atenção para si mesmo, mas veio para apontar para Jesus e a sua obra salvadora. Ele é acima de tudo o próprio Deus vivendo dentro do homem.
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Para saber mais:
Quem é o Espírito Santo? – Série Questões Cruciais N° 12 – Série Questões Cruciais – R. C. SPROUL
Redescobrindo o Espírito Santo – Michael Horton
- Autor: John Hebert dos Santos Fidelis, casado e pai de três filhos. Membro da Igreja presbiteriana Pinheiral, bacharelando em teologia e autor do teologicamente.Rio de Janeiro, Brasil.