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O Conteúdo do Evangelho – Solus Christus
Aqui, iniciamos nossa exposição do Evangelho, pelas lentes das 5 Solas. Vamos dividi-la em:
– O conteúdo.
– O motivo.
– O meio.
– O propósito.
– O testemunho.
Em primeiro lugar, precisamos definir o que é o Evangelho – ou melhor, qual é o conteúdo principal das boas-novas.
Em resumo: o Evangelho é a boa notícia a respeito de um homem: Jesus Cristo, e este crucificado.
“Porque os judeus pedem sinais e os gregos buscam sabedoria, mas nós pregamos o Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios.” (1 Coríntios 1:22-23, NAA).
Não existe cristianismo sem Cristo na cruz.
O Evangelho é uma boa notícia sobre a salvação de Deus. Não há esperança de salvação, para nós, sem a morte do Filho de Deus. Não há outra maneira de acessarmos o céu. Não há outro caminho, nem outra porta. É Cristo, e só Cristo.
Nem a Igreja, nem Maria, nem os sacramentos, nem a piedade, nem os santos. Somente Cristo.
“Jesus respondeu: — Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” (João 14:6, NAA)
“Este Jesus é a pedra que vocês, os construtores, rejeitaram, mas ele veio a ser a pedra angular. E não há salvação em nenhum outro, porque debaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.” (Atos 4:11-12, NAA)
Não podemos diminuir essa verdade. Jesus é o próprio Evangelho. A boa notícia que Deus nos deu é que seu Filho, sendo Deus, decidiu morrer em nosso lugar. Ele é o mistério de Deus, o segredo que estava oculto desde o início dos séculos, mas que, agora, está revelado em grande glória.
“Faço isto para que o coração deles seja consolado e para que eles, vinculados em amor, tenham toda a riqueza da plena convicção do entendimento, para conhecimento do mistério de Deus, que é Cristo, em quem estão ocultos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento.” (Colossenses 2:2-3, NAA)
Salvação, expiação, sacrifício, amor… todos esses são conceitos comuns a várias religiões. A singularidade do cristianismo, porém, é o Deus que encarnou, morreu em uma cruz e ressuscitou. Cristo é o Evangelho.
É impossível exaurir tal verdade gloriosa: Cristo é boa-notícia! Cristo é boa-notícia! Cristo é boa-notícia!
MAS POR QUE CRISTO É UMA BOA NOTÍCIA?
Todos conhecem o agouro de Paulo:
“Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus.” (Rm 3:23, NAA)
A realidade humana é de maldição. Em Adão (nosso representante federal), toda a humanidade pecou (Rm 5). Todos os homens nascem sob juízo, e herdam uma natureza depravada.
A única solução ao problema da Queda é depositarmos nossas fichas em um outro homem, para ser nosso novo representante federal. Mas todo homem peca, e, portanto, não pode nos livrar de coisa nenhuma.
Por isso, o próprio Deus encarnou, fazendo-se homem. Nasceu de mulher, mas sem pecado. Era o Cristo, o Segundo-Adão, nosso novo representante.
Jesus foi o único homem que não sucumbiu à semelhança de Adão, e, por isso, não estava sob maldição. No entanto – eis as boas-novas de grande alegria! -, Ele decidiu, soberana e graciosamente, receber a maldição em nosso lugar.
Na cruz, o homem-que-venceu-Adão deixou-se ser morto pela maldição de Adão. Ele foi tratado como nós deveríamos ser tratados: recebeu a ira divina, que o levou à morte.
“Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós […]” (2Co 5:21a, NAA).
Mas não acaba por aí. Na cruz, Jesus não foi apenas tratado como pecador. Ele recebeu nossa maldição, mas, também, Ele nos transferiu sua benção. A sua justiça, devido à santidade de sua vida, foi-nos imputada.
“[…] para que, nEle, fôssemos feitos justiça de Deus” (2Co 5:21b, NAA).
Em outras palavras, Ele foi tratado como nós deveríamos ter sido tratados, a fim de que nós sejamos tratados como Ele deveria ter sido tratado.
O Evangelho não oferece apenas perdão. Isso é pouco! Oferece, também, justificação. Deus não apenas remove nossos pecados, mas, também, nos declara justos. Pela cruz, não nos tornamos neutros; tornamo-nos santos. Eis o mistério da imputação: nosso pecado é punido em Cristo, e os méritos de Cristo são atribuídos a nós.
Se não fosse por essa Bendita Troca, não haveria esperança à humanidade.
DESTRUINDO UM MITO PROTESTANTE
Engana-se quem pensa que a salvação não é por obras. Não era contra isso que os protestantes lutavam. Afirmo que a salvação se dá única e exclusivamente mediante obras, e disso Lutero sabia muito bem. Por esse motivo, nenhum homem consegue salvar a si mesmo, pois todos pecaram.
Mas a boa notícia é que as obras de Cristo são atribuídas a nós!
“Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados, gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3:23-24, NAA).
Esse é o Evangelho! Não que a lei, a santidade e as boas obras tenham se tornado obsoletas, mas, sim, que a perfeição de Outro é imputada a nós. O preço está pago – não apenas o que nos livra do inferno, mas, também, o que nos coloca no céu.
A salvação é por obras. Mas a pergunta é: obras de quem?
Eu entrarei no céu com os bolsos cheios de boas obras. Porém, nenhuma delas será minha. Todas serão do Unigênito do Pai, que decidiu receber os meus méritos, a fim de dar-me os seus.
É por isso que dizemos que Cristo é o Evangelho. Jesus não foi apenas um dos elementos da salvação; Ele não cumpriu apenas a função de apaziguar, ou apenas a função de expiar. Ele foi a obra completa e perfeita: expiou, apaziguou, reconciliou, redimiu, justificou. Tirou-nos do inferno e colocou-nos no céu, em um só ato. Levou nossos pecados; deu-nos sua justiça. Fez-se inimigo; fez-nos filhos. Tudo está consumado.
Cristo é o grande tesouro da Igreja.
UMA ÚLTIMA RESSALVA
Talvez, minha afirmação de que a salvação é por obras tenha chocado alguns leitores. Gostaria apenas de fazer mais uma declaração importante:
A salvação é por obras, mas a justificação é por fé!
Deus não mudou sua lei. O Salmo 24 continua sendo válido:
“Quem subirá ao monte do Senhor? Quem há de permanecer no seu santo lugar? O que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à falsidade, nem faz juramentos com a intenção de enganar. Este receberá do Senhor a bênção e a justiça do Deus da sua salvação” (Sl 24:3-5, NAA).
Só será salvo quem for santo. Porém, como vimos acima, todos pecaram.
“Como está escrito: “Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus. Todos se desviaram e juntamente se tornaram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer” (Rm 3:10-12, NAA).
Como, então, alguém poderia ser salvo? A solução de Deus foi a justificação – isto é, a imputação da santidade do Cristo a homens cujos pecados foram imputados a Ele.
A justificação, no entanto, não é como a salvação. Não somos justificados por obras, mas, sim, por fé. Aqui, porém, estamos invadindo outro tema…
Basta, por enquanto, entendermos e crermos que toda a estrutura salvífica depende da vida, obra e morte de um só homem: Jesus, o Cristo. Nosso status, diante de Deus, é o mesmo do de Cristo, ainda que, por natureza, sejamos como Adão; pois Jesus, sendo, por natureza, semelhante a Deus, colocou-se sob o status de Adão. Cristo é o Evangelho!
Ah, gloriosa troca! Feliz é o homem a quem não é atribuído pecado (Sl 32:2). Feliz é o homem que é tratado sob os méritos do Perfeito – Jesus, o Cristo. Solus Christus.