Devocional: A importância do ministério da pregação

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A importância do ministério da pregação

Uma das tarefas mais importante e necessárias do cristão é pregar e anunciar a Palavra de Deus. Uma vez foi dito que devemos pregar o Evangelho, e se for necessário, devemos usar palavras. Ledo engano. 

Veremos adiante, portanto, alguns princípios básicos que devem ser observados e praticados por aqueles que entendem e dão significativa importância para o ministério da pregação da Palavra de Deus. 

1. Pregação, uma vocação

Os puritanos eram unânimes em dizer que a tarefa principal do pastor era pregar. Não é à toa que a pregação puritana no século XVI eram mais populares do que as homilias anglicanas, admitiu assim Richard Hooker. De acordo com ele, “os sermões prevaleciam, enquanto todos os outros meios pareciam adormecer.” (Ryken 2013) [1]

Todo cristão que exerce ou não um ofício na igreja, mas que esteja compromissado com o avanço do Reino de Deus na terra, entende que a pregação da Palavra é uma das áreas mais importantes no preparo de quem é chamado e vocacionado por Deus para servir à igreja que ele comprou com o seu próprio sangue (Atos 20:28). [2] 

2. Pastor: Pregador e educador 

Para início de conversa, para desenvolver o seu ministério da pregação da Palavra de Deus, o pastor ou pregador, precisa entender que ele é acima de tudo um educador.

Anísio Batista Dantas no seu livro o pastor e o seu ministério, argumentando sobre o pastor como pregador e educador, disse:

Pois o educador é aquele que instrui, desenvolve as faculdades intelectuais e morais do aluno; é aquele que adestra, treina; faz crescer, cria, dá bons modos a alguém, torna-o civil e urbano, polido, aquele que conduz e que leva a um determinado fim. Este é o papel do pregador educador. O pastor ou pregador educa para a vida social, cristã espiritual e moral. Prepara a criança, o jovem, o homem para uma vida mais abundante, aperfeiçoa os sentimentos, o caráter e ajuda na formação do caráter cristão, levando o homem a Deus pela fé em Jesus Cristo. [3]


Nesse sentido, veremos quatro princípios que são fundamentais para se desenvolver uma prática de pregação que toque a razão e o coração das pessoas. Práticas que levam os seus ouvintes a um determinado propósito de acordo com os desígnios de Deus.

2.1. Vida devocional 

O pastor ou pregador, precisa entender que o seu maior compromisso é com o Senhor da Palavra (1Co 1:23,24). E por consequência compromisso com a Palavra do Senhor. Assim foi Moisés, Josué, Isaías, Cristo e seus discípulos. Portanto, precisamos buscar ser fiéis ao Senhor da Palavra e com a sua Palavra já revelada. Vida devocional é o meio pelo qual temos um relacionamento mais de perto com o Senhor. 

2.2. Experiência com o Senhor 

Moisés ao ser chamado por Deus, o indagou sobre o que deveria falar ao povo de Israel (Ex 3:13). Com uma vida de busca e dedicação ao Senhor, passamos a entender quem é o Senhor de nossas vidas. A teologia de Paulo também estava fundamentada em sua experiência com Jesus (At 26:1-23). 

2.3. Intimidade e conhecimento dos seus ouvintes 

Considerar os ouvintes também é muito importante no desenvolvimento do ministério da Palavra. Nossas mensagens precisam estar adequadamente aplicáveis a cada nível para que assim seja relevante e contextual. Jesus em seus sermões usava bastante histórias ou parábolas para falar sobre o Reino. É fundamental também desenvolver não apenas uma relação de pregador e ouvintes, mas uma relação de amizade e comunhão. Assim era Jesus com os seus discípulos e consequentemente a igreja primitiva. 

2.4. Bom testemunho 

É de suma importância que o pregador ou pastor tenha uma vida baseada na ética e honestidade. A Palavra de Deus aconselha que o ministro tenha bom testemunho dos de fora (1Tm 3:1-13). O caráter moral do pastor, pregador e educador é fundamental para o fortalecimento do ministério da pregação da Palavra de Deus dentro e fora da igreja. Anísio Batista Dantas destacou o seguinte:

O pastor-pregador torna-se uma bênção para seus alunos, pelo exemplo de vida pura, de palavra amável, caráter ilibado e comportamento digno de imitação. O pregador que não for educador também não pode ser pregador do evangelho de Jesus Cristo em sua pureza e integridade. [4]


Dado ao contexto de degradação moral e espiritual em que a igreja e muitos pastores vivem atualmente, vale observar o que disse Richard Bernard em relação a atitude puritana em atribuírem tal prêmio a “pastores santos” que, “as pessoas comuns respeitam mais a vida de um pregador do que sua erudição” [5] (Ryken 2013). 

Esses, portanto, seriam algumas das várias práticas que poderiam ser adotadas pelos pastores para se tornarem mais relevantes. É necessário adotar um estilo de pregação simples, porém profunda. Simples, pois como disse Henry Smith que:

Pregar de forma simples não é pregar rudemente, muito menos indoutamente, nem confusamente, mas pregar tão simples e perspicazmente que o homem mais simples possa entender o que é ensinado, como se ouvisse seu nome. [6]


Pois para a apresentação e o impacto da pregação, não depende em si de fatores externos ou na manipulação psicológica para que seja capitada a atenção dos ouvintes, como por exemplo através dos jogos de luzes, shows pirotécnicos, linguajar com palavras rebuscadas, frases prontas e de efeitos, etc., mas depende principalmente da ação do Espírito Santo. 

A pregação da santa Palavra de Deus, disse Richard Sibbes, “é o ministério do Espírito”. E finalmente profunda, porque ela deve ser pautada em uma extensa pesquisa bíblica do seu significado e contexto. 

3. Conclusão 

É sabido que o pastor precisa labutar na interpretação das Sagradas Escrituras, para assim expor e atingir o intelecto e o coração dos seus ouvintes. Assim eram os ouvintes das pregações puritanas “como o fogo remexido dá mais calor, assim a Palavra, como que soprada pela pregação, ardia… nos ouvintes” [7] (Ryken 2013), disse Thomas Cartwright.

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Notas:
[1] Santos no mundo, pregação puritana, p.164. Richard Hooker foi um arquidefensor do anglicanismo, e de má vontade admitiu que os sermões puritanos eram mais populares do que as homilias anglicanas.
[2] Prefácio de Itamir Neves de Souza. Homilética: do púlpito ao ouvinte, p.8.
[3] Do pregador como educador. O pastor e o seu ministério, p.107.
[4] Do pregador como educador. O pastor e o seu ministério, p. 107.
[5] O retrato do ministro puritano. Santos no mundo, p.166.
[6] Santos no mundo. O estilo simples de pregação, p.186.
[7] Santos no mundo. Pregação atingidora, p.183.
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Bibliografia

DANTAS, Anísio Batista. O pastor e o seu ministério. 2ª. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
MORAES, Jilton. Homilética: Do púlpito ao ouvinte. São Paulo: Editora Vida, 2008.
RYKEN, Leland. Santos no mundo: Os puritanos como realmente eram. 2ª. São José dos Campos, São Paulo: Fiel, 2013 

  • Autor: John Hebert dos Santos Fidelis, casado e pai de três filhos. Asp. ao ministério na Igreja Presbiteriana em Pinheiral, bacharel em teologia e criador do Projeto Teologicamente. Rio de Janeiro, Brasil.
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