Perseverança dos santos

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Perseverança dos santos

Perseverança dos santos é a doutrina calvinista que diz que todos quantos uma vez foram salvos por Deus continuarão nesse estado de salvação até ao fim. Essa doutrina ensina que “os que Deus aceitou em seu Bem-amado, os que ele chamou eficazmente e santificou pelo seu Espírito, não podem decair do estado da graça, nem total, nem finalmente; mas, com toda a certeza, hão de perseverar nesse estado até o fim e serão eternamente salvos” (Confissão de Fé de Westminster, 17.1). Para os calvinistas, essa é uma verdade irrefutável, de tal modo que se criou a sigla U.V.S.S.S – “Uma Vez Salvo, Sempre Salvo”.

Entretanto, não pensemos que esta é uma doutrina engenhosamente criada pelos calvinistas. Eles extraíram isso das Escrituras. As Escrituras são claras ao afirmar que aqueles que pelo Espírito são regenerados, justificados, adotados na família de Deus e santificados, jamais podem perder a sua salvação (Rm 8.1; 8.29-39). Não que eles são suficientemente fortes para perseverar, mas que sua perseverança é a obra contínua de Deus neles. É necessário entendermos bem isso, a fim de não nos ensoberbecermos em nós mesmos, pois como dizia o saudoso R. C. Sproul: “Nós estamos seguros, não porque abraçamos firmemente Jesus, mas porque Ele nos abraça firmemente.” Aqui reside o conceito de Perseverança dos Santos.

É por isso que alguns teólogos preferem chamar essa doutrina de “Preservação dos Santos” ao invés de “Perseverança dos Santos”. A doutrina da perseverança, portanto, é o resultado da doutrina da justificação e a confiança na promessa da vontade de Deus e trabalho de Cristo de não perder nenhum daqueles que o Pai lhe deu (Jo 6.39; 10.28,29).

No entanto, essa doutrina encontra oposição por parte dos arminianos com a sua doutrina da Queda da graça. Eles ensinam que embora alguém seja salvo alguma vez dos seus pecados, há a possibilidade de tal pessoa vir um dos dias deixar de ser salvo, em virtude de algum tropeço que cometa. Ora bem, tal concepção acerca da salvação é baseado no que o homem faz ou deixa de fazer (e essa, embora eles não admitem, é a Teologia Arminiana).

Precisamos entender de uma vez por todas que nossa salvação não está baseada naquilo que a gente faz ou deixa de fazer; nossa salvação se baseia naquilo que Cristo fez por nós: “(…) o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si” (Is 53.11; Cf. At 15.11).

Não obstante, ainda aqui se levanta um problema: o que dizer daqueles que parecem cristãos e se apartaram da fé? Em resposta, diríamos que assim como “nem todos os de Israel são, de fato, israelitas” (Rm 9.6), do mesmo modo, nem todos que estão na igreja fazem parte da igreja. O apóstolo João escreve dizendo que aqueles que se apostatam da igreja manifestam nunca terem experimentado a fé salvífica, ao dizer que tais pessoas “saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós” (1 Jo 2.19).

Aqui aprendemos que o tempo manifesta os que estiveram na igreja, mas nunca estiveram em Cristo. Faz-se oportuno, então, dizer que “a perseverança dos santos significa que todos os que verdadeiramente nasceram de novo serão guardados pelo poder de Deus e perseverarão como cristãos até o fim da vida, e que somente os que perseverarem até o fim verdadeiramente nasceram de novo” (Wayne Grudem, Manuel de Teologia Sistemática, p.371). Isso significa que somente os eleitos perseverarão e que só perseverarão aqueles que forem eleitos.

Enquanto Satanás odeia esta doutrina, o mundo a ridiculariza, os ignorantes e os hipócritas abusem dela, e os hereges se lhe opõem, ela é uma âncora para os cristãos. Que alegria e segurança essa doutrina traz para o cristão, sabendo que “que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus” (Fp 1.6)! Nas palavras de Joel Beeke, “se os eleitos pudessem perder sua salvação, a eleição do Pai seria ineficiente, a intercessão de Cristo, irrelevante, e a santificação do Espírito, impotente” (Vivendo para a Glória de Deus, p.136).

Irmãos, aqueles que creem em Cristo serão guardados em Cristo. Nenhum de nós é forte o suficiente para cair enquanto Deus está decidido a nos segurar (Jd 24-25; 1 Pe 1:3-5; Hb 12.2). Convido-o a descansar na certeza da sua salvação e preservação em Cristo. Lançai o medo fora e, com Spurgeon, solte o brado de vitória dizendo: “A graça ensinou minha alma a orar; fez os meus olhos transbordar; foi a graça que me guardou até este dia, e não me deixará escapar.”


Recomendação de livros sobre o assunto:

[1] – MURRAY, John. Redenção consumada e aplicada. SP: Cultura Cristã, 2010.
[2] – SPURGEON, Charles H. A Perseverança Final dos Santos. Disponível em: <http://www.projetospurgeon.com.br/wpcontent/uploads/2014/05/A_Perseveranca_final_dos_santos2.pdf>