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Cuidado com o batismo que salva!
A doutrina que afirma a remissão de pecados através do batismo é conhecida como o batismo regenerador. Essa doutrina é baseada em diversas passagens bíblicas, incluindo Atos 2:38 e Tito 3:5-6.
A principal oposição a essa doutrina vem de nós, teólogos protestantes reformados, que enfatizamos a justificação pela fé. Argumentamos que a remissão de pecados não é alcançada pelo batismo em si, mas sim pela fé em Jesus Cristo e pelo arrependimento dos pecados. O batismo é um sinal externo da salvação que já foi alcançada pela fé em Cristo, em vez de ser um meio pelo qual a salvação é concedida.
No entanto, a fé Reformada Presbiteriana enfatiza que o batismo é um sacramento que deve ser administrado a todos os crentes, incluindo bebês e crianças. O batismo não é o meio pelo qual a salvação é alcançada, mas sim um sinal visível da aliança de Deus com seu povo. Em outras palavras, o batismo é um ato de obediência e um símbolo da graça salvadora de Deus que é concedida pela fé em Jesus Cristo.
No Capítulo 28, seção 1, a Confissão de Fé de Westminster afirma o seguinte:
O batismo é um sacramento do Novo Testamento, instituído por Jesus Cristo, não só para que aqueles que são batizados sejam por ele admitidos na igreja visível, mas também para que lhes seja selado o enxerto em Cristo. A fé, que é exigida para a salvação, não está incluída no batismo, nem qualquer virtude conferida pelo batismo como tal; contudo, o batismo é uma ordenança da salvação, para serem admitidos à igreja visível e, por meio dela, unidos a Cristo, que é a Cabeça visível da igreja.
Portanto, a Confissão de Fé de Westminster afirma que o batismo é um sacramento ordenado por Cristo para a admissão dos crentes na igreja visível e como um sinal externo da união com Cristo. Embora o batismo seja importante, a Confissão de Fé de Westminster esclarece que a fé necessária para a salvação não está incluída no batismo em si, mas é um ato de obediência e um sinal da aliança de Deus com seu povo.
Entre os Pais da Igreja que se opuseram à doutrina do batismo regenerador, podemos citar Tertuliano, Orígenes e João Crisóstomo. Esses teólogos enfatizavam a importância da fé em Jesus Cristo como a condição para a salvação, e não do batismo em si mesmo. Vale ressaltar que nem todos os Pais da Igreja tinham a mesma posição sobre o assunto, e que a visão sobre o batismo regenerador se desenvolveu ao longo do tempo.
A doutrina do batismo regenerador foi consolidada na Igreja Católica durante a Idade Média, enquanto os reformadores protestantes do século XVI se opuseram a ela, defendendo a salvação pela graça mediante a fé em Jesus Cristo. Mas, em qual confissão de fé encontramos a doutrina do batismo regenerador? Em um documento chamado Catequese da Igreja Católica que contém o ensino oficial da Igreja Católica sobre a fé e a moral, composta por 2865 parágrafos que abrangem os principais aspectos das doutrinas católicas. No parágrafo 1213 da Catequese da Igreja Católica, está escrito:
O sinal sacramental do batismo é, propriamente falando, a água batismal. Feita sobre o candidato, ela é sinal da purificação da alma, da regeneração e renascimento pela água e pelo Espírito Santo. Ela significa a morte para o pecado e a entrada na vida da Santíssima Trindade.
Além disso, no parágrafo 1262, a Catequese da Igreja Católica afirma:
O batismo confere a graça da purificação de todos os pecados. Pelo batismo, o batizado é libertado do pecado original e de todos os pecados pessoais e de suas penas. Ele é incorporado a Cristo, torna-se membro da Igreja e é feito participante da missão de Cristo.
As passagens bíblicas usadas pelos reformadores para contrapor a doutrina do batismo regenerador incluem: João 3:3-8, que fala sobre o novo nascimento pela água e pelo Espírito; Tito 3:5, que afirma que somos salvos não por obras de justiça que tenhamos feito, mas segundo a sua misericórdia, pela lavagem da regeneração e renovação do Espírito Santo; e Efésios 2:8-9, que diz que somos salvos pela graça, mediante a fé, e que isso não vem de nós mesmos, é dom de Deus, não vem das obras, para que ninguém se glorie.
O teólogo presbiteriano reformado, B. B. Warfield, afirmou que o batismo não é uma causa da regeneração, mas um sinal visível dela. Warfield argumenta que “não há conexão necessária entre o batismo e a regeneração, exceto que o batismo é o sinal exterior designado pela igreja para a regeneração e para a entrada na igreja visível de Cristo”.
Em resumo, como teólogo presbiteriano reformado, reafirmo que a salvação é pela graça, mediante a fé em Jesus Cristo, e não pelo batismo ou qualquer outra obra que possamos fazer. A regeneração é obra exclusiva do Espírito Santo, que age na vida do crente, concedendo-lhe arrependimento e fé. O batismo é um sinal externo dessa regeneração, que já ocorreu na vida do crente, e um sinal público da sua identificação com Cristo e sua igreja.