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Refúgio superficial fantasiado de ambiente espiritual
Na verdade, tudo que o ser humano se relaciona de forma desgovernada pode ser nocivo à sua existência. Isso não se limita apenas a vida cristã mas posso afirmar que a humanidade de forma global.
No quesito vida cristã podemos perceber que as redes têm invadido áreas, espaços e ambientes que eu acredito que não deveriam ser habitadas de forma aprofundada no âmbito humano. A proximidade e ao mesmo tempo a distância das comunicações via redes sociais, nem sempre será bem administrada, e isso começa a ser um ambiente hostil e perigoso para a preservação da espiritualidade cristã.
No âmbito geral podemos perceber o aumento das relações superficiais, relacionamentos fadados de aparência, pessoas que sempre tem a necessidade de demonstrar que está tudo bem, necessidade de autoafirmação e um turbilhão de emoções que bombardeiam a mente de quem tenta o tempo todo ser o que na verdade não é.
Na verdade quase nada não redes são realmente o que parecem. Há um mundo fantasioso por detrás de uma imagem vendida a duras frustrações de quem almeja ter uma vida perfeita. Posso afirmar que isso é completamente nocivo a espiritualidade cristã, tendo em vista que vai nos remeter a uma vida mentirosa, frustrada e pautada num evangelho inexistente nas escrituras.
A obrigação de ter tudo, de ser tudo, de se enquadrar nos parâmetros da mídia tem adoecido os que antes buscavam em Deus simplesmente uma vida de serviço ao reino. Nada contra as redes, uso-as com frequência, mas vejo uma grande necessidade de nos voltarmos para as escrituras e começarmos a ver onde tropeçarmos, onde deixamos a fidelidade dos ensinamentos e fizemos das redes um refúgio superficial fantasiado de ambiente espiritual. Que não venhamos confundir um veículo de comunicação com ministério e propósito.
As redes podem e contribuem de forma frutífera para a propagação do evangelho, mas não deve ser confundida e jamais substituída pelo serviço ao reino. Ela é um veículo poderoso, mas ainda é um ambiente perigoso a mente humana que sempre anda em busca de aceitação e aprovação. Estar nas redes requer maturidade, as redes sempre estão se renovando e é natural que seja assim, mas nem sempre poderemos acompanhar essas mudanças.
O excesso de informações tende a naturalizar o que não é natural, a tendenciar julgamentos de quem mal conhecemos e a consagrar jargões que consequentemente diminuirão a leitura bíblica e o manusear das escrituras. Por que digo isso? Muitas pessoas tendem a se alimentar somente do que é produzido nas redes por terceiros, e consequentemente não irão buscar alimento sólido nas escrituras e nem a revelação do Espírito Santo que é dada aos que o buscam através da oração e leitura bíblica diária.
Uma tendência forte nos últimos tempos, são os que tem tido seus pensamentos cativos juntamente como a maioria pensa e consequentemente isso vai gerar uma grande relativização da verdade bíblica. Vamos exemplificar, um determinado assunto será divulgado e tão amplificado em repetidos posts que sem que eu e você percebamos, as mentes concordarão que tal assunto ou atitude é correta, e é aí que entro com a importância das escrituras. A palavra diz que ela precisa estar gravada em nosso coração.
Guardei tua palavra em meu coração, para não pecar contra ti. Sl 119,11
E é isso que faz a diferença. Quando essas informações nos bombardeiam, logo, nossa mente é confrontada pela verdade bíblica e isso será como uma exortação ao pensamento incorreto.
O que penso, o que acho certo, ou os meus sentimentos não podem sobrepujar a orientação das escrituras. Elas são o leme da vida cristã. Ainda que eu não aceite algo, porque talvez fira a minha vontade pessoal, eu preciso clamar por mudança de mente.
Paulo vai nos exortar que para viver a vontade de Deus eu preciso me submeter a uma mudança de mente. É necessário e urgente na caminhada cristã reprogramar a mente, mudar e entender que sem essa mudança não há um relacionamento sadio com Cristo.
E não vivam conforme os padrões deste mundo, mas deixem que Deus os transforme pela renovação da mente, para que possam experimentar qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Rm 12:2.
Isso é um traço de maturidade. Tal maturidade só vem através das escrituras, e quando a maturidade chega entendemos que o melhor é saber o que Deus realmente quer de nós, e como temos nos comportado diante desse querer.
Ainda ressalto, essa posição não tem a ver com os chamados e propósitos via redes e sim sobre vida real. Servir pelas redes é muito fácil, servir os que estão ao seu lado já não é tão simples, mas é um dos deveres da vida cristã que Jesus mais deu exemplo em seu ministério. Servir pelas redes quando mal administrado gera frustrações e atitudes tóxicas, que ao invés de servimos aos outros, acabamos julgando, abrindo feridas e colocando os que já estão fora do aprisco na porta de saída.
Afinal só conhecemos o que é postado, mas o íntimo ninguém sabe. Julgar alguém pelo que se vê em perfis não é serviço, na verdade é um desserviço. Servir é bem mais que mostrar que leio a Bíblia todos os dias, é viver a Bíblia todos os dias. É servir sem intenção de recompensa. Quando isso acontece eu olho mais a minha miserabilidade, do que a dos outros. Eu aprendo a chorar pelo meu pecado e entender que muitos ainda não conseguem fazer o mesmo, e por isso são dignos das nossas orações. Isso também é servir.
Jerry Bridges vai dizer que “quando recebemos com mansidão a palavra de Deus, desejamos que o Espírito use sua palavra para efetuar mudanças profundas no nosso interior”.
Mudanças que serão dolorosas, mudanças que vão gerar desconforto, inquietação e em muitas vezes lágrimas. Todavia são extremamente necessárias para o amadurecimento cristão.
Portanto, deixando toda impureza e acúmulo de maldade, acolham com mansidão a palavra implantada em vocês, a qual é poderosa para salvá-los. Tiago 1:21
Que comece em nós! Necessitamos amadurecer para vivermos a serviço de um reino que tem urgência de trabalhadores sedentos de proclamar o genuíno evangelho, da forma que nos foi deixado como ordenança.