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Três coisas para se lembrar quando se sentir abandonado
Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que se acham longe de minha salvação as palavras de meu gemido? Deus meu, clamo de dia, e não me respondes; também de noite, porém não tenho sossego. Contudo, tu és santo, entronizado entre os louvores de Israel. Nossos pais confiaram em ti; confiaram, e tu os livraste. A ti clamaram e escaparam; confiaram em ti e não foram envergonhados. (Salmos 22:1-5 – ARA).
Indo na contramão dos triunfalismos evangélicos dos nossos dias, o salmista não tem vergonha em dizer que se sentia abandonado por Deus. É uma oração triste, e que se vale de palavras fortes, mas ainda assim é sincera. Afinal, como nos ensina o apóstolo Pedro, devemos lançar sobre Deus nossas ansiedades, sabendo assim que Ele cuida das nossas vidas (I Pedro 5:7); e muitas vezes nossas ansiedades são fruto de uma situação em que parece que esgotamos todas a alternativas e tudo continua indo mal. Não há incredulidade em nosso coração, pois a primeira pessoa a quem clamamos foi o Senhor, e ainda assim não houve resposta.
O salmista reconhece que Deus é a sua salvação, mas aparentemente seus constantes pedidos de socorro parecem não chegar ao Senhor (v.1). Na nossa vida é exatamente isso que pode acontecer, de modo que clamamos a Deus, nos quebrantamos e até gritamos e nos desfazemos em lágrimas, pois, tamanho é o nosso desespero, e mesmo assim o céu permanece em silêncio.
Se o salmo terminasse assim o quão terrível ele seria, pois levantaria a possibilidade de Deus ser insensível a nossa dor, mas felizmente a palavra “contudo” no verso 3 muda tudo. Aqui o salmista traz a memória três coisas importantes, coisas estas que devemos nos lembrar sempre que parecer que Deus não nos ouve.
A primeira é que Deus é santo, e isso é importante porque aponta para o fato de Deus não ser como os deuses das nações, mudo e surdo, antes ele é um Deus separado da ordem pecaminosa da criação caída não fazendo assim parte dela, e por isso Ele é único e Todo-Poderoso.
Em segundo lugar ele é “entronizado entre os louvores de Israel”; aqui o salmista reconhece que o Deus a quem ele se dirige é o mesmo a quem ele e seu povo louvaram e conheceram ao longo de sua vida, não sendo assim um estranho, antes é alguém digno de confiança.
E por último há a seguinte afirmação nos versos 4 e 5: “Nossos pais confiaram em ti; confiaram, e tu os livraste. A ti clamaram e escaparam; confiaram em ti e não foram envergonhados.”. Com isso o salmista nos aponta para a seguinte realidade, de que quando nada novo parece acontecer, quando Deus está calado e nossas orações não são atendidas, devemos e podemos olhar para trás, para o que Deus já fez em nossas vidas, pois se Ele nos ajudou no passado, pode também nos ajudar no presente.
Que Deus nos traga a memória essas três coisas: 1 – Que Ele é Santo e único; 2 – Que Ele é digno de confiança; 3 – E que se estivermos no deserto da vida, aparentemente sozinhos, nos lembremos do que Deus já fez e que daí tiremos forças. Fazendo isso veremos que nunca estivemos sozinhos, pois na cruz do Calvário Cristo foi desamparado para que hoje fossemos amparados; na cruz ele gritou “Eloí, Eloí, lemá sabactani? ‘Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?’.” (Marcos 15:34) justamente para que hoje tivéssemos comunhão com o Pai.
Que Deus nos ajude a lembrar dessas realidades. Que a multiforme Graça de Cristo seja contigo! Amém!